A ideia da pesquisa partiu de uma atividade realizada em uma aula de Sociologia, em uma escola pública do estado do Ceará (lócus dessa pesquisa), quando se revelou que os jovens daquela escola acreditavam que aos estudantes das escolas pública estariam reservados trabalhos e profissões destinados a pessoas com baixa escolaridade e renda e/ou que universidades não era espaço para eles. Essa percepção dirigiu o olhar daquela escola e da sua comunidade escolar a inquietações como: de que forma, a escola pode construir com esses meninos e meninas (e a partir deles) os seus objetivos e projetos ampliando horizontes e perspectivas? Como objetivo principal, a pesquisa pretende compreender o processo de multiletramento histórico em prol do protagonismo estudantil; e como objetivos específicos, espera trazer à luz a representatividade de grupos minoritários dentro do processo histórico social, suscitando discussões acerca da existência (ou não) dessa temática nos materiais didáticos. O trabalho volta-se às ciências do homem e às práticas da aprendizagem histórica contidas nos livros didáticos de Boulos (2016); para isso, fez-se uma análise da epistemologia dessa ciência e dos seus métodos reflexivos da experiência humana, buscando um letramento histórico-digital que possibilitasse a aprendizagem ativa e colaborativa, atendendo as necessidades de nosso tempo, refletindo a formação dos discentes em diálogos com os pensamento de Peter Lee (2006), Jorn Rüsen (1992), Tfouni (2005), Tamanini (2021), Rojo (2009), dentre outros. Quanto a estrutura metodológica, o trabalho dividiu-se em: realizar estudos acerca do estado da arte, identificação das concepções de ensino; buscar subsídio teórico para a pesquisa; analisar os livros didáticos utilizados nas salas de aula da educação básica do Estado do Ceará, refletindo as intencionalidades e consequências das políticas públicas a eles vinculadas; e, por fim, analisar as mudanças do Ensino Médio e das discussões propostas para Ciências Humanas. A pesquisa levantou discussões, na escola pesquisada, contra políticas públicas que promovem a narrativa histórica em favor de propósitos políticos alheios à funcionalidade da história para a sociedade. Ao final, concluiu-se a necessidade da continuidade desse esforço na práxis docente como forma de pensar a educação pelo seu valor formativo e cidadão.