A presente pesquisa, intitulada “Educação Domiciliar: Percepções de Famílias educadoras do Distrito Federal”, teve como finalidade dar voz a pais de crianças educadas em casa no contexto de educação domiciliar no Distrito Federal. O objetivo central da tese foi identificar e analisar as percepções de famílias de homeschoolers do Distrito Federal, mais especificamente dos pais, acerca da educação domiciliar no seu cotidiano em vista de uma educação de seus filhos para a cidadania. A tese contou com uma fundamentação teórica, baseada no estudo do estado do conhecimento em educação domiciliar no Brasil, no período de 2012 a 2021, destacando dados estatísticos sobre as pesquisas desenvolvidas em todo país, em nível de Pós-Graduação, e a revisão da literatura sobre Educação, Família e Estado à luz de aportes filosóficos e sociológicos da educação de Émile Durkheim, Ivan Illich, Jean Claude Filloux, Paulo Freire, Florestan Fernandes, Anísio Teixeira, entre outras referências. A partir de uma abordagem qualitativa, fez-se uso, na pesquisa de campo, de um questionário eletrônico, que permitiu a caracterização de famílias educadoras do DF acerca de seu perfil socioeconômico, e entrevistas semiestruturadas para identificar as percepções de famílias homeschoolers, além de um diário de bordo. O resultado da pesquisa indica que os pais educadores do DF percebem a si mesmos, no contexto da educação domiciliar, (I) como aprendizes na escolha de currículos e materiais educativos; (II) como professores particulares, com o planejamento e a condução de atividades acadêmicas e extracurriculares incluindo o ensino da cidadania, além das rotinas e avaliações do nível de aprendizado de seus filhos; (III) como influenciadores, proporcionando aos filhos ambientes diversificados de socialização na prática; e (IV) como desbravadores, dedicando esforços e inúmeros sacrifícios para enfrentar as adversidades para educar seus filhos longe da escola. Tais aspectos são marcados por contradições e desafios, vistos por exemplo, na urgência de educar, mas não ter uma preparação profissional, com base acadêmica, para as exigências de ensinar e propiciar condições para uma aprendizagem efetiva e que dê conta da complexidade de tal tarefa.