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Dados do Trabalhos de Conclusão

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Estudos Linguísticos (28002016012P3)
“LÁGRIMAS QUE NÃO VÃO A JÚRI”: A DISCURSIVIZAÇÃO DOS CORPOS DAS POLICIAIS MILITARES FEMININAS
GEORGIA DE CASTRO MACHADO FERREIRA SANTOS
TESE
29/09/2023

Na Análise de Discurso de vertente pecheutiana (AD), corpo e discurso andam muito próximos. Para a AD, o corpo surge estreitamente relacionado a novas formas de assujeitamento e, portanto, associado à noção de ideologia. Ele aparece como dispositivo de visualização, como modo de ver o sujeito, sua historicidade e a cultura que o constituem, trata-se, enfim, do corpo que olha e que se expõe ao olhar. Tomado como materialidade, ele significa e é sempre objeto de representação simbólica que contribuem para a construção identitária do sujeito. Foi a partir desses pressupostos que refleti sobre corpo da policial militar feminina nessa tese. Compreendi que esse corpo, para ser constituído, foi interpelado pelo discurso policial militar materializado nos regulamentos castrenses e transmitidos nos cursos de formação. Alicerçado nos fundamentos AD, o objetivo central do meu estudo foi compreender como se dava as construções das representações de gênero na Polícia Militar da Bahia (PMBA), partindo do funcionamento da memória discursiva. Sendo assim, analisei os sentidos do corpodiscurso da policial militar feminina, a partir das seguintes materialidades: jornais, revistas, regulamentos e leis que retratavam o ingresso das primeiras mulheres naquela Corporação, fato que ocorreu nos anos 1990. Observei que para se tornarem policiais militares seus corpos foram fabricados, noção tomada de empréstimo dos estudos foucaultianos, a partir das normas que definiam o comportamento e a estética que deveriam adotar bem como, estabeleciam as punições para aquelas que se desviassem do padrão estabelecido. A arma e a farda foram cedidos às mulheres porém, o seu emprego se deu numa modalidade de policiamento específica: elas atendiam ocorrências que envolvessem crianças, idosos, gestantes e outras mulheres, ou seja, foram empregadas em atividades de caráter assistencialista. Observei ainda que, esses dizeres retornavam, e retomavam, os já-ditos, em um outro momento e lugar: as práticas atinentes ao primeiro pelotão de polícia feminina, criado em 1955, no estado de São Paulo. Durante o mapeamento dessa trajetória discursiva esbarrei no silenciamento sobre a existência de uma polícia feminina, criada em 1957, pelo então secretário de segurança Lafayette Coutinho, em solo baiano. A interdição desse saber, de certo modo, me permitiu realizar alguns gestos de interpretação: sua ligação a guarda civil, com atividades mais investigativas e o fato de ter sido comandado por mulheres, professoras, talvez tenha reforçado a sua interdição. Além disso, durante a pesquisa, as materialidades apontavam que a inserção de mulheres contribuiu, para o aumento de relacionamentos conjugais entre os pares. E dessas relações, passaram a existir casos de violência doméstica entre casais de militares. Refletindo sobre esse paradoxo, de que as mulheres seriam capacitadas para atender caso de violência doméstica, as quais também eram vítimas; analisei 05 (cinco) notícias veiculadas na Internet que noticiavam histórias de policiais femininas agredidas e mortas por seus (ex) companheiros. O resultado do gesto de interpretação foi o silenciamento das vítimas, que temiam a exposição no ambiente de trabalho e da própria legislação militar, que não abarcou os dispositivos legais que protegem as mulheres.

Mulher;Policial;Militar;Discurso;Violência;Notícias.
In Discourse Analysis (AD), the body and discourse are very close. For AD, the body appears closely related to new forms of subjection and, therefore, associated with the notion of ideology. It appears as a device for visualization, as a way of seeing the subject, its historicity and the culture that constitutes it; in short, it is the body that looks and exposes itself to the gaze. Taken as materiality, it signifies and is always the object of symbolic representation that contributes to the construction of the subject's identity. It was based on these assumptions that I reflected on the body of the female military police officer in this thesis. I understood that this body, in order to be constituted, was interpellated by the military police discourse materialized in military regulations and transmitted in training courses. Based on the foundations of AD, the main objective of my study was to understand how gender representations were constructed in the Bahia Military Police (PMBA), based on the functioning of discursive memory. Therefore, I analyzed the meanings of the corpodiscourse of the female military police officer, based on the following material: newspapers, magazines, regulations and laws that portrayed the entry of the first women into that Corporation, which took place in the 1990s. I observed that in order to become military police officers, their bodies were fabricated, a notion borrowed from Foucauldian studies, based on the norms that defined the behavior and aesthetics they should adopt, as well as the punishments for those who deviated from the established standard. The weapon and the uniform were given to the women, but they were used in a specific policing modality: they dealt with incidents involving children, the elderly, pregnant women and other women, in other words, they were employed in welfare activities. I also observed that these statements returned to and resumed the already said in another time and place: the practices of the first women's police platoon, created in 1955 in the state of São Paulo. While mapping this discursive trajectory, I came across the silencing of the existence of a women's police force, created in 1957 by the then secretary of security Lafayette Coutinho, on Bahian soil. The interdiction of this knowledge, in a way, allowed me to make some gestures of interpretation: its connection to the civil guard, with more investigative activities and the fact that it was commanded by women, teachers, perhaps reinforced its interdiction. In addition, during the research, the material indicated that the inclusion of women contributed to an increase in marital relationships between peers. Reflecting on this paradox, that women would be trained to deal with cases of domestic violence, of which they were also victims, I analyzed five (05) news stories on the Internet that reported stories of female police officers beaten and killed by their (ex) partners. The result of the interpretation was the silencing of the victims, who feared exposure in the workplace, and of the military legislation itself, which did not cover the legal provisions that protect women.
Women;Police;Military;Discourse;Violence;News.
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PORTUGUES
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
O trabalho possui divulgação autorizada
Tese - Georgia.pdf

Contexto

LINGUAGEM E SOCIEDADE
PRÁTICAS TEXTUAIS E DISCURSIVAS
ENTRE AMÉLIAS E AMÁLIAS; A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DAS MULHERES: CORPO, LAR, TRABALHO E CASAMENTO NAS REVISTAS DA DÉCADA DE 50

Banca Examinadora

PALMIRA VIRGINIA BAHIA HEINE ALVAREZ
DOCENTE - PERMANENTE
Sim
Nome Categoria
PALMIRA VIRGINIA BAHIA HEINE ALVAREZ Docente - PERMANENTE
RITA DE CASSIA RIBEIRO DE QUEIROZ Docente - PERMANENTE
CARLA LUZIA CARNEIRO BORGES Docente - PERMANENTE
ANDERSON DE CARVALHO PEREIRA Participante Externo
ANDRE LUIZ GASPARI MADUREIRA Participante Externo

Vínculo

Servidor Público
Empresa Pública ou Estatal
Ensino e Pesquisa
Sim
Plataforma Sucupira
Capes UFRN RNP
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