A presente pesquisa busca evidenciar, a partir de teorias já consolidadas no campo das pesquisas de gênero, uma questão que marca o mercado de trabalho: um mecanismo sutil de desigualdade em que a mão de obra feminina é constrangida a investir recursos financeiros e temporais em cuidados estéticos, que atuam como elementos importantes em alguns nichos ocupacionais. Considerando que tais recursos já se encontram em situação de escassez, a dinâmica desigual e exploratória em relação às mulheres se identifica quando sua aparência é requisito para admissão em diferentes setores do mercado de trabalho. Os cuidados dedicados à aparência resultam em negociação constante entre profissionais e o padrão de beleza feminino vigente, fazendo uso de recursos não disponibilizados pela empresa para garantir e/ou permanecer em determinadas carreiras. Propõe-se que a aquisição de capital de aparência se faz necessária a partir das demandas por mobilização de áreas tão centrais da organização da vida social, por parte de um mercado que recompensa constantemente tal comportamento. Temos aqui a possibilidade de analisar, através do caso das comissárias de bordo, as novas facetas de desigualdades que se perpetuam através de uma atuação que remonta performance das mulheres no mercado de trabalho.