Os mediadores de museus e centros de ciências são os principais responsáveis pelo elo comunicativo entre o público e as exposições e experiências apresentadas nesses espaços científico-culturais. Entretanto, pesquisas mostram que esses profissionais não se sentem preparados para atender pessoas com deficiência. Dentro deste contexto, temos as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que visitam museus e centros de ciências anualmente e possuem demandas próprias. Nesse cenário, esses espaços representam oportunidades para essas pessoas terem contato com arte, ciência e cultura, além de compartilharem momentos positivos com a comunidade. É importante, no cenário democrático, que os princípios de acessibilidade e inclusão sejam alcançados em todos os espaços. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é contribuir para a formação de mediadores para o atendimento direcionado a pessoas com TEA através de um curso de formação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e de campo, em que foi desenvolvido um curso de formação online direcionado aos mediadores de museus e centros de ciências. Participaram do estudo mediadores de espaços científico-culturais de todo o Brasil. Os dados foram coletados através de um diário de bordo e pesquisa participante, e foram analisados por meio da tematização. Os resultados mostram que a participação no curso promoveu mudanças positivas na práxis dos mediadores e que, através deles, os museus e centros de ciências podem se tornar mais acessíveis e inclusivos para o público com Transtorno do Espectro Autista. A análise, utilizando o referencial teórico dos saberes da mediação, propostos por Glória Queiroz e colaboradores, identificou que os mediadores desenvolveram diversas habilidades necessárias para atender o público com TEA nos espaços científico-culturais. Também se identificaram contribuições do curso em relação a conhecimentos legislativos e éticos de atendimento a esse público. A utilização da Aprendizagem Baseada em Problemas como estratégia instrucional para o curso foi bem-sucedida para alcançar os objetivos de aprendizagem propostos e foi bem acolhida pelos estudantes que participaram da iniciativa. Espera-se, com esse trabalho, uma mudança de panorama e mentalidade não só dos mediadores que participaram do curso, mas também dos museus e centros de ciências onde eles trabalham, e que essa pesquisa seja um primeiro passo para contribuições e mudanças positivas e profundas no que diz respeito à inclusão dentro dos espaços científico-culturais para a comunidade autista.