Quantas pequenas localidades ainda serão apagadas enquanto empurramos parte dos indivíduos para uma vida precária nas grandes aglomerações urbanas? As alternativas que temos, para a manutenção da vida nessas áreas, têm contribuído para sua resistência? O turismo é um dos novos papéis atribuídos as pequenas localidades para vencer desafios a elas impostos, porém, o modelo convencional tem concentrado os investimentos em médias e grandes cidades e/ou impelido a elas a especialização. As formas participativas de turismo, a exemplo do modelo de gestão do Turismo de Base Comunitária (TBC), parecem trazer efeitos mais promissores (Alves, 2018), mas ainda demandam maiores investigações (Fabrino, 2013; Cabanilla, 2016). Partindo desta lacuna, definimos o seguinte problema de pesquisa: o TBC contribui para o desenvolvimento de pequenas localidades considerando a sua dimensão social? O que revelam as iniciativas existentes? O objetivo geral do trabalho, portanto, foi de contribuir com as reflexões acerca dos alcances do TBC para o desenvolvimento de pequenas localidades quanto à sua dimensão social. Para atender a esse objetivo traçamos os seguintes objetivos específicos: a) Compreender as relações das pequenas localidades com o turismo; b) Levantar na literatura os aspectos do TBC como modelo alternativo c) Observar os atores e os efeitos do TBC em países da América Latina e no Paraná; d) Identificar as características gerais dos atores do TBC (ou próximos ao modelo) e os desafios das pequenas localidades em que habitam e e) Analisar os limites e possibilidades do TBC para o desenvolvimento de pequenas localidades. Para a execução da pesquisa foram definimos diferentes recortes espaciais, na medida em que as demandas de investigação apareciam, porém, dois recortes fundamentais foram estabelecidos. Em um primeiro momento, estabelecemos como recorte espacial o Estado do Paraná e, em um segundo momento os pequenos municípios periféricos de Altônia, Mariópolis, Sapopema, Pinhalão e Turvo. Como procedimentos metodológicos adotamos a abordagem qualitativa; revisões da literatura; especialmente aquela produzida sobre o Estado; a utilização de ferramentas como os questionários para o mapeamento das iniciativas de TBC e, para os dos dados em campo nas pequenas localidades, entrevistas semiestruturadas e a análise do discurso. Como resultados, observamos na literatura que as relações entre o turismo e as pequenas localidades no Paraná, o apresentaram como potencial para os pequenos, mas ainda há inúmeros desafios na escala local. Iniciativas para além das fronteiras, como no Equador, Costa Rica e em outros Estados brasileiros, indicam efeitos positivos do TBC como alternativa para as pequenas localidades. Esse modelo de gestão possui como elementos-chave, que o diferenciam do turismo convencional: a) a comunidade local; b) a autonomia; c) a economia alternativa e d) o território solidário. As características gerais do TBC no Paraná são de iniciativas concentradas em pequenos municípios interioranos, com maiores dificuldades nos índices de educação, trabalho/renda e juventude. Também identificamos que a diversidade de grupos sociais envolvidos é expressiva, em que, a maior parte deles se caracteriza por agricultores de base familiar. Embora enfrentando desafios relacionados ao planejamento e gestão, poucas parcerias, recursos financeiros e técnicos escassos, consideramos que o TBC contribui com o desenvolvimento social de pequenas localidades. Com base em 6 indicadores construídos para esta pesquisa consideramos que o TBC em pequenas localidades: viabiliza economias alternativas; oportuniza a geração de trabalho e renda; torna possível a apropriação do espaço pelas comunidades; fortalece sua autoestima; melhora a qualidade da paisagem; promove a educação e a inovação social; inclui jovens, idosos e mulheres e favorece a qualidade de vida.