O objetivo desta pesquisa etnográfica é analisar como o pertencimento dos estudantes às equipes de handebol do curso de medicina da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, mobiliza outras experiências de lazer. A pesquisa foi realizada entre os anos de 2022 e 2023, com uma imersão de seis meses no campo de estudo. Durante esse período, acompanhei 18 treinos das equipes de handebol, 4 festas, 4 competições universitárias e várias saídas para bares com os interlocutores deste estudo. As observações, portanto, resultaram em descrições densas do contexto investigado, registradas em diário de campo. No contexto esportivo dos estudantes de medicina, a vivência do lazer não se limitou aos treinos de handebol, ela se estendeu a diversas outras experiências de lazer, como festas e encontros em bares. Os treinos foram percebidos como pontos de encontro e de socialização dos estudantes, capazes de oportunizar aprendizado e a vivência do handebol como lazer. Nesse sentido, as festas, conhecidas como rocks das atléticas, e as saídas para bares foram identificadas como rituais de socialização com a capacidade de fortalecer os laços sociais e de constituir uma identidade coletiva. As competições universitárias, que mesclavam esporte e festas, apresentaram diferentes níveis de rivalidade e interação entre os estudantes. Em suma, a análise dos dados empíricos revelou que o pertencimento às equipes de handebol serve como uma "porta de entrada" para diversas práticas de lazer, influenciando significativamente as relações sociais dos estudantes. Além disso, as atividades esportivas e de lazer promovida pela atlética de medicina proporcionam tanto a abertura quanto o fechamento do contexto esportivo e das relações sociais dos estudantes, evidenciando uma dinâmica social complexa.