A hiperglicemia no Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM2) é o principal iniciador das alterações
moleculares deletérias aos órgãos, que estão associadas ao estresse oxidativo. Como
consequência, a doença renal diabética acomete cerca de 40% dos diabéticos. Um bom controle
glicêmico pode reverter o estágio inicial da doença, sendo importante a busca de tratamentos
complementares que possam auxiliar na prevenção dos danos induzidos pelo DM2. O óleo
extraído da amêndoa de baru é rico em ácidos graxos monoinsaturados capazes de estimular a
liberação da insulina. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da ingestão do óleo de baru
sobre a função renal, o estresse oxidativo e o perfil metabólico no rim de ratos normais e
diabéticos. A extração do óleo foi realizada por prensagem mecânica das amêndoas de baru.
Neste estudo foi adotado um modelo de indução de DM2. Ratos machos wistar receberam ração
hiperlipídica (30%) por 28 dias e em seguida uma injeção via intraperitoneal de estreptozotocina
(35mg/kg). Os animais saudáveis permaneceram com a dieta padrão. Após a confirmação do
diabetes (glicemia casual >250mg/dl) foram iniciados os tratamentos dos animais saudáveis e
diabéticos com água e o óleo de baru nas doses de 0,75 g/kg; 1,5 g/kg e 3,0 g/kg, metformina
(200 mg/kg) e gliclazida (10 mg/kg) isoladas e associadas com o óleo de baru (1.5 g/kg), durante
90 dias. Na etapa final do tratamento foram realizados o teste de tolerância oral à glicose
(TTOG) e o teste de tolerância à insulina (TTI). O sangue total, a urina e os rins foram coletados
para a determinação dos marcadores bioquímicos. A avaliação das atividades de enzimas antioxidantes, superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GPx) e catalase (CAT) e dos
níveis de malonelaldeído (MDA) foram realizadas no soro e nos rins dos animais. No rim foram
realizados a avaliação histológica e a determinação do perfil metabólico. O tratamento com o
óleo de baru nas doses de 1,5 g/kg e 3,0 g/kg, reduziram o consumo de ração e água,
aumentaram a responsividade dos animais no TTOG e TTI, e diminuiu a glicose sérica, a
creatinina e a albuminúria, nos animais diabéticos. A dose de 3,0 g/kg apresentou efeito mais
significativo nos marcadores de função renal. No entanto, quando avaliado o estresse oxidativo
no tecido renal, observa-se que o grupo diabético tratado com 1,5 g/kg do óleo, foi capaz de
atenuar a redução das atividades das enzimas SOD, CAT e GPx em relação aos demais
tratamentos com o óleo de baru e reduzir os níveis de MDA. Todos os tratamentos apresentaram
efeitos benéficos em reduzir os danos histológicos renais e os níveis dos metabólitos do ciclo de
Krebs e das adenosinas do metabolismo energético. A associação da metformina com o óleo de
baru apresentou melhor capacidade no controle glicêmico e da função renal, já que reduziu os
níveis de glicose sérica, frutosamina, creatinina e albuminúria. Além disso, esse tratamento
demostrou capacidade de modular o metabolismo oxidativo, com a restauração das atividades
das enzimas antioxidantes.