Este estudo tem por intenção analisar, por meio das fontes históricas jesuíticas, as primeiras duas décadas da ação catequética no Japão no século XVI, que se iniciou no ano de 1549, comandada inicialmente pelo padre da Companhia de Jesus Francisco Xavier, e na sequência, pelo clérigo Cosme de Torres. Se configuram como bases documentais principais do nosso estudo, os textos epistolares contidos em diferentes compilados e volumes de um amplo escrito histórico originado pelo padre jesuíta Luís Fróis, publicado em decorrência do trabalho elaborado por José Wicki (1976, 1981). Nesta pesquisa, buscamos averiguar, se o desconhecimento e a inabilidade dos membros da Companhia de Jesus, tangentes a diferentes elementos socias, governamentais e culturais do Japão no século XVI, estiveram interligados aos específicos reveses ocorridos com os clérigos e irmãos que exerciam o ofício catequético (aproximadamente nos primeiros vinte anos da missão), sendo que esses problemas se relacionavam a determinados eventos ligados ao contexto belicoso e a própria contraposição erguida contra os clérigos jesuítas em diferentes regiões japonesas. De forma similar, abordamos outros elementos adversos recorrentes na vivência dos evangelizadores em território japonês que, aparentemente, exerceram algum tipo de impacto aos missionários, tais como o clima, a alimentação e a situação de determinados estratos sociais que os jesuítas tiveram que confrontar. Consideramos que o período abordado nesta pesquisa, proporciona o entendimento, de que nas décadas que antecederam a deliberada retração do trabalho evangelizador, existiram elementos que acabaram interferindo diretamente na disseminação do cristianismo, obrigando os padres e irmão da Companhia de Jesus superarem os complexos obstáculos que surgiam em algumas povoações japonesas. Conceitualmente, diferentes autores nos auxiliaram no entendimento referente à forma de evangelizar dos membros da Companhia de Jesus e no pensamento cristão dos missionários no contexto japonês, sendo igualmente pertinente para a nossa pesquisa as ideias de Nobert Elias (1994) que nos auxiliaram na reflexão sobre as especificidades em voga na sociedade japonesa no século XVI