O tema desta tese é o estudo dos nomes de plantas citados em obras literárias sob o prisma da terminologia. O autor escolhido foi Jorge Amado, escritor com significativa fortuna crítica. Os nomes das plantas utilizados na linguagem comum refletem um conhecimento especializado, seja de origem acadêmica seja de origem popular. Este conhecimento especializado é utilizado pelo escritor para construir sua obra de arte, permitindo que o estudioso da área de Terminologia, possa utilizá-la como corpus de investigação. O produto final da tese é um vocabulário fitonímico construído a partir de um recorte significativo da obra de Jorge Amado, correlacionando os nomes vernáculos aos nomes científicos, corroborados com abonações, disponibilizando-o numa versão online; este trabalho destina-se ao botânico preocupado com o significado da ciência junto a população em geral, representada na obra literária, bem como àqueles interessados em plantas e no seu protagonismo cultural. Em termos teóricos, este estudo baseia-se na Teoria Comunicativa da Terminologa, principalmente a partir da abordagem da Etnoterminologia e de aspectos da Ecolexicologia. A parte botânica está ancorada no código internacional de nomenclatura botânica
O estudo do léxico fitonímico foi realizado com ferramentas da linguística computacional, através da construção de um banco de dados utilizando-se o FLEx (2021). A construção do verbete segue as orientações presentes em Assunção (1979). Os nomes de plantas citados foram identificados a partir dos dicionários, bem como foram utilizadas obras específicas da área de Botânica. As obras de Jorge Amado selecionadas foram: Suor, Capitães da Areia, O Cavaleiro da Esperança, Terras do Sem Fim, Gabriela, Cravo e Canela, e Dona Flor e seus dois maridos, a partir da classificação proposta por Bosi (2006[1970]). Foram registradas 1505 citações de fitônimos nos textos analisados, reunidos em 214 fitônimos diferentes. O fitônimo mais citado foi ‘cacau’ com 387 ocorrências, correspondendo a 17% do total de fitônimos registrados. Segue a ele ‘Tabocas’ com 106 citações (c. 7%), ‘Café’ com 77 (c. 5%), ‘Rosa’ com 58 (c. 4%), ‘Cacaueiro’ (2) com 47 (c. 3%), ‘Magnólia’ com 30 (c. 2%), ‘Baraúna’ com 25 (c. 2%) e ‘Milho’ com 24 (c. 1%). Esses fitônimos correspondem a mais de 50% do total de ocorrências. Tais resultados podem
ser visualizados na página web: https://botanicaliteraria.wixsite.com/planta.