Os livros didáticos (LD) desempenham um papel importante no processo de ensino e
aprendizagem, atuando como mediadores na prática educacional. Mesmo em um cenário em
que as tecnologias educacionais têm ganhado destaque, eles ainda mantêm uma presença
marcante nas salas de aula. Sua relevância perdura, pois, os LD fornecem um suporte
estruturado para o aprendizado e essencial para a uniformidade no acesso ao conhecimento nas
unidades formadoras pública. No entanto, a implementação decorrente da Lei nº 13.415/2017
do novo Ensino Médio (EM) tem suscitado preocupações quanto aos seus possíveis impactos
na educação brasileira. Nesse contexto, torna-se necessário refletir acerca do cenário
educacional atual, no qual as ciências são abordadas de forma integrada, e também compreender
quais são as concepções dos professores em relação a esse novo cenário do EM e seus
desdobramentos. Com isso, o objetivo desta pesquisa e de analisar as concepções docentes
sobre o LD de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, aprovado pelo PNLD 2021, no contexto
do novo formato do ensino médio, com o propósito de desenvolver uma ficha de orientação
para auxiliar na escolha de materiais didáticos nessa área de conhecimento. Para tanto, foi
adotada uma abordagem quanti-qualitativa, utilizando recursos documentais, análise
bibliográfica e um diálogo por meio de questionário semiestruturado aplicado a professores do
EM na Escola Ponta da Serra. Os resultados sinalizam que o novo EM pode trazer
consequências negativas na formação dos alunos devido à falta de uniformidade na oferta de
disciplinas por itinerários formativos e à abordagem heterogênea dos conteúdos em diversas
áreas de conhecimento. Essas disparidades podem gerar desigualdades na formação dos
estudantes, com alguns tendo acesso a um conjunto mais amplo de disciplinas e conhecimentos,
enquanto outros ficam limitados a opções mais restritas, o que por conseguinte pode
comprometer a formação integral e o desenvolvimento de habilidades e competências para seu
futuro acadêmico e profissional. Além disso, a análise da coleção de livros didáticos revela
redução em conteúdo e falta de sequência lógica e conexão com a realidade dos estudantes, bem
como demonstra a ausência de uma abordagem interdisciplinar clara entre as disciplinas de
Biologia, Física e Química, contrariando a proposta indicada pelo novo EM. A adaptação a essa
dinâmica em evolução requer abordagens inovadoras e ferramentas práticas, como a ficha de
orientação proposta, que pode auxiliar na seleção de recursos didáticos mais alinhados aos
objetivos educacionais. Nesse viés, a ficha de orientação foi pensada levando em consideração
alguns pontos específicos que atendessem a nova realidade educacional, promovendo a
articulação da teoria com a prática numa perspectiva interdisciplinar entre as áreas do
conhecimento, de forma a contribuir na escolha de um material didático de qualidade. Deste
modo, a partir da pesquisa, é possível inferir que a proposta do novo EM, traz em evidência a
necessidade de aprimorar continuamente as políticas educacionais na intenção de fomentar
recursos igualitários, valorizar os professores e criar um ambiente de aprendizagem estimulante
e enriquecedor para todos os alunos. Só assim seja possível promover uma educação de
qualidade que prepare os estudantes para os desafios do mundo contemporâneo.