Nos primeiros anos de vida ocorrem intensas atividades neurais que proporcionam o desenvolvimento da linguagem. O Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem afeta aproximadamente uma a cada 14 crianças. Os profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS) encaminham ao fonoaudiólogo crianças com desenvolvimento atípico de linguagem, porém as vagas são insuficientes para o atendimento imediato e o tempo de espera ultrapassa 12 meses. Objetivo: Analisar a Interação comunicativa entre pais/responsáveis e crianças com desenvolvimento atípico de linguagem em espera para atendimento fonoaudiológico e desenvolver uma proposta de intervenção educativa junto aos familiares. Método: Trata-se de um estudo descritivo, transversal, de análise documental e com abordagem quanti-qualitativa. Foram coletados dados sobre a demanda em espera no Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo (SIRESP). A interação comunicativa das familílias foi registrada por meio de videogravação e analisada pela “Escala de Índice de Comportamentos que Promovem a Comunicação”. Posteriormente, foi elaborada e desenvolvida uma atividade educativa junto aos pais. Resultados: Foi verificado que 551 pessoas aguardavam atendimento fonoaudiológico, sendo 191 (34,6%) crianças com idade até cinco anos e 140 (73,3%) são do sexo masculino. A descrição F da CID 10 (Transtornos Mentais e Comportamentais) foi utilizada em 67,5% dos encaminhamentos. A análise da interação comunicativa de 20 videogravações de familiares identificou oito comportamentos comunicativos como “pouco observados”. Foi realizada uma atividade educativa com os familiares das crianças, priorizando a abordagem desses comportamentos comunicativos “pouco observado” nas videogravações. A atividade educativa avaliada positivamente, com recomendações para que outras famílias tenham acesso a essa atividade. Conclusão: A alta demanda e a espera passiva para o atendimento fonoaudiológico não possibilitam que crianças até cinco anos de idade tenham acesso a intervenção precoce. A utilização da videogravação se mostrou um meio eficaz para observações da interação comunicativa e organização de ações coletivas de intervenção educativa junto aos familiares das crianças que aguardam atendimento fonoaudiológico. O presente estudo pode ser replicado em diversas instâncias do SUS, priorizando a espera em atendimento fonoaudiológico de crianças nos primeiros cinco anos de vida.