Embora a terapêutica farmacológica para depressão seja bastante efetiva, a falta de adesão compromete o êxito do tratamento. Entre os fatores que podem influenciar a adesão, destaca-se a preocupação com a religiosidade e espiritualidade dos pacientes. Objetivo: Analisar a influência da religiosidade e da espiritualidade na adesão ao tratamento farmacológico com antidepressivos orais em idosos. Método: Trata-se de um estudo observacional e transversal. Os instrumentos utilizados na coleta foram a Escala de Adesão Terapêutica de Oito Itens de Morisky (MMAS-8), o Índice de Religiosidade de Duke (DUREL), a escala Spirituality Self-Rating Scale (SSRS) e a Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens (GDS-15). Resultados: Apenas 18% dos 106 participantes apresentaram adesão plena ao uso de medicamentos. A religiosidade organizacional foi caracterizada por participação presencial em encontros religiosos, em torno de duas a três vezes na semana (34%); na religiosidade não organizacional, verificou-se que os participantes (42,5%) se dedicavam diariamente às atividades religiosas individuais, como preces, rezas, meditações, leitura da bíblia ou de outros textos religiosos. A aplicação da Escala de Depressão Geriátrica mostrou que 73% dos participantes apresentavam depressão leve. No geral, foram encontradas correlações negativas fracas e moderadas entre religiosidade organizacional, não organizacional e intrínseca e da espiritualidade, com adesão ao tratamento. Conclusão: Os resultados mostraram uma população majoritariamente que não adere plenamente ao tratamento com antidepressivos e com sintomas compatíveis com transtorno depressivo leve. Essas características sugerem uma provável utilização de coping religioso negativo, causando comprometimento da adesão ao tratamento medicamentoso.