Este estudo objetiva fomentar e refletir, em uma perspectiva colaborativo-crítica, o processo constitutivo e o legado de uma Formação Permanente de/para professores/as de Educação Física da cidade de Governador Valadares/MG a partir da problematização sobre a inclusão, marcadores sociais da diferença, e interseccionalidade. Para isso, definiram-se os seguintes objetivos específicos: a) Mapear e refletir sobre o que vem sendo desenvolvido nas principais produções acadêmicas (dissertações e teses) da pós-graduação em Educação Física brasileira em termos de: formação docente/Permanente, inclusão e diferença, notadamente em uma perspectiva interseccional; b) Conhecer e problematizar o perfil formativo dos participantes para atuar na perspectiva da inclusão; c) Conhecer e problematizar coletivamente, a percepção dos/as envolvidos/as em relação ao que tomam por desafios, tensões e avanços atravessadores a materialização destas temáticas nas aulas de Educação Física; d) Produzir e problematizar coletivamente situações consideradas situações-limites e, as possíveis ações (inéditas viáveis) formativas para uma práxis pedagógica inclusiva; e) Compreender e problematizar os movimentos produzidos e os respectivos legados produzidos no/pelo processo de formação permanente de Professores/as de Educação Física fomentado neste estudo. O estudo adota como perspectivas teórico-metodológicas um diálogo entre diferentes abordagens, incluindo a pesquisa-ação existencial proposta por Barbier (2002; 2007), a pesquisa-ação colaborativo-crítica, conforme os trabalhos de Jesus, Vieira e Effgen (2014), e os pressupostos dialógicos, problematizadores e voltados à justiça social defendidos por Freire. Essa articulação visa aprofundar o processo investigativo ao integrar perspectivas existenciais, colaborativas e críticas, comprometidas com uma práxis transformadora e reflexiva. Sustentados por esses referencias, estruturamos de forma reflexiva e crítica processos formativos em comunidades coletivas/dialógicas, tomando como referência para produção dos dados a ideia do/dos Pesquisadores Coletivos e suas ferramentas teórico-metodológica da escuta sensível e desenvolvimento processual em espiral de ação-reflexão-ação, ambos sustentados em Barbier (2002; 2007), além dos conceitos de implicação e perlaboração de Macedo (2012). Para a triangulação dos dados, utilizaram-se as narrativas docentes acerca da temática da inclusão, diferença e interseccionalidade, em três momentos distintos: a saber, o encontro de grupo focal/discussão, o desenvolvimento dos encontros formativos e o seminário final (Círculo de cultura). As descobertas revelam que, no campo da produção acadêmica, há uma lacuna em pesquisas voltadas para o debate interseccional da diferença. Na investigação empírica, os dados apontam que o perfil do coletivo investigado se materializa como professores/as que reconhecem a importância tanta da inclusão, como da temática interseccional da diferença. No entanto, alegam não serem preparados, estimulados e qualificados para desenvolverem práticas nessas temáticas em seus cotidianos. Reconhece-se a importância de práticas formativas que valorizem as realidades e vozes dos educadores para transformar a prática pedagógica em inclusão, diferença e interseccionalidade. O legado dessas formações é visto como crucial para reconfigurar futuras práticas mais progressistas. Diante disso, é urgente a realização de novas pesquisas empíricas que valorizem o conhecimento originado nas escolas, promovam a colaboração entre universidades e escolas, e abordem pautas invisibilizadas na educação física, contribuindo para a superação de desigualdades e opressões.