Entre 2007 e 2023, o estado do Rio de Janeiro mobilizou esforços para a elaboração de quatro planos estratégicos de desenvolvimento socioeconômico. O primeiro plano elaborado neste período (Plano 2007-2010) foi construído por uma consultoria privada, ao passo que os demais foram inteiramente conduzidos por servidores da administração pública fluminense. Ainda que as equipes técnicas responsáveis tenham tido diferentes composições entre extraquadros e servidores efetivos pertencentes a diferentes carreiras, os três planos seguintes têm em comum a participação de ao menos um integrante da carreira de gestor. Dessa forma, esta dissertação tem por objetivo analisar se a criação da carreira de gestor, em 2008, contribuiu para fortalecer as capacidades burocráticas voltadas para o planejamento do desenvolvimento socioeconômico pelo governo fluminense. Buscaremos analisar se a atuação da carreira elevou o nível de qualificação da burocracia envolvida na elaboração dos planos estratégicos de desenvolvimento, bem como se ela se deu de forma integrada com a sociedade. Aqui, assumimos que capacidades burocráticas são fundamentais para construção de estratégias de desenvolvimento e que a burocracia deve estar autonomamente inserida dentro das relações sociais (Evans, 1995), de modo que ela seja capaz de forjar alinhamentos entre o governo e diferentes setores sociais, sem, entretanto, ser capturada por interesses particularistas. É somente através da participação social, tão necessária em ambientes democráticos, que os governos serão capazes de construir consensos sociais, conferindo legitimidade e efetividade aos planos de desenvolvimento.