O glioblastoma (GBM), é o tumor cerebral primário mais prevalente e altamente agressivo, que afeta de forma devastadora o sistema nervoso central (SNC). As abordagens terapêuticas atuais incluem a resseção cirúrgica, seguida de radioterapia e quimioterapia, sendo a temozolomida (TMZ) o fármaco de primeira linha. No entanto, este tratamento ainda tem baixa eficácia, o que resulta numa sobrevida global mediana dos indivíduos não superior a 15 meses. Os compostos naturais, dentre os quais destacamos os flavonóides, são considerados promissores no tratamento do câncer devido ao seu potencial biológico antitumoral, baixo custo e mínimos efeitos colaterais descritos em pesquisas científicas. É ressaltado na literatura que para avançar na compreensão da atividade antineoplásica dos flavonoides, em particular da tangeretina, são necessários estudos que investiguem a dosagem,
biodisponibilidade, eficácia e segurança desses compostos, a fim de aprimorar terapias para o tratamento do câncer. Baseando-se nesse fato, o presente trabalho analisou a atividade antitumoral do flavonoide tangeretina em linhagens celulares de glioblastoma (AHOL1) e para fins comparativos, um tumor menos agressivo, o neuroblastoma (SK-N-BE2). Foram analisados os seguintes aspectos: viabilidade celular, proliferação celular, e metabolismo celular. A tangeretina foi capaz de promover redução da viabilidade celular e proliferação tanto no glioblastoma multiforme, como no neuroblastoma. Entretanto, enquanto no neuroblastoma a redução desses parâmetros concordou com o tempo de exposição (mais acentuados em 72h do que em 48h de exposição), o resultado do tempo de exposição de 48h do glioblastoma foi a quer mais diminuiu a viabilidade e proliferação celular no glioblastoma. Além disso, houve a redução do metabolismo celular do gliobastoma somente nas duas maiores concentrações (20 e 25 μM) no tempo de 72h na linhagem de glioblastoma. Já nas células de neuroblastoma, houve um aumento estatisticamente significante
no metabolismo das células expostas a 10, 15 e 20 μM tanto por 48h como por 72h, o que pode ser associado a um possível mecanismo de defesa em SK-NBE(2) diante de uma tentativa de reparar os efeitos observados na viabilidade e proliferação celular. Nossos resultados demonstram resultados promissores na diminuição da viabilidade celular em ambas as linhagens, bem como supressão da proliferação e alteração no metabolismo. A diferença de sensibilidade à tangeretina entre as duas linhagens está de acordo com o fato de que o glioblastoma apresenta alta malignidade, espalhando-se rapidamente para os tecidos saudáveis ao redor. Adicionalmente, foi possível observar que a
tangeretina mostra-se promissor para diferentes tipos tumorais, a partir de ajustes quanto a dosagem e tempo de tratamento.