A Língua Portuguesa escrita para os surdos é considerada sua segunda língua (L2), enquanto Libras é sua primeira língua (L1). Como língua oficial do Brasil, a Língua Portuguesa nas formas oral e escrita está presente no dia a dia do povo brasileiro. No entanto, a Libras está presente dentro das comunidades surdas brasileiras, que abrigam uma minoria linguística. Para conviver com essa realidade, os alunos surdos precisam aprender a L2 escrita. Eles chegaram aos diversos campi do Instituto Federal de São Paulo – IFSP e cursam o Ensino Médio Integrado. Trazem para a instituição sua história, cultura e identidade, mas por vezes incompreendidos na sua especificidade são rotulados como analfabetos. A relação do surdo com a L2 é um problema histórico. Particularmente, esta pesquisa trata do problema de leitura. Portanto, o objetivo é investigar se a tradução como estratégia de leitura pode contribuir para a compreensão leitora em L2 de alunos surdos do Ensino Médio Integrado no contexto da Educação Profissional e Tecnológica- EPT. E oportunizado pelo ProfEPT (Mestrado Profissional da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica – RFEPCT) foi produzido um Produto Educacional - PE em formato de oficina pedagógica, na qual a tradução é usada como estratégia para auxiliar os alunos surdos no processo de leitura. A metodologia contemplou uma abordagem qualitativa baseada em pesquisa-ação. O lócus e sujeito da pesquisa foram, respectivamente, o IFSP e o aluno surdo do Ensino Médio Integrado. O levantamento bibliográfico possibilitou identificar 103 pesquisas, que abordam a temática da surdez ou surdez e EPT. Entretanto, após os critérios de exclusão e inclusão foram reduzidas para 05 que retratam a Língua Portuguesa para surdos, das quais apenas 04 relacionam Língua Portuguesa para surdos e EPT. Para a construção dos dados foram utilizadas a entrevista e observação. Os dados foram analisados com base em alguns elementos da Análise de Conteúdo de Bardin (1977). Os resultados confirmaram hipóteses iniciais e as que surgiram durante a entrevista. No sentido de verter cada signo linguístico, os alunos já realizaram um tipo de tradução durante a leitura, pois, ao ler, os alunos traduziram, sem a consciência deste ato, ou seja, sem compreender que era uma tradução. Realizaram o português sinalizado, que não tem sentido para eles, por isso a importância do PE com mediação, que proporcionou não apenas a tradução de signos isolados, mas do texto dentro de um contexto. O PE contribuiu para a formação omnilateral, quando ampliou a compreensão leitora do aluno, visto que, por meio da leitura, os surdos podem acessar os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade. A pesquisa realizada é um artefato a ser explorado para mudar a história dos alunos surdos dentro da EPT.