Este estudo aborda a falta de integração e adaptação local resultante da implementação de megainfraestruturas viárias em tecidos urbanos densos e consolidados. A pesquisa questiona o nível real de integração dessas estruturas na paisagem urbana, focando especialmente nos espaços remanescentes que decorrem dessas intervenções, que “rasgam” o território e se impõem sobre uma lógica territorial preexistente. Com estudos de caso localizados no Brasil (o Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, e o Elevado João Goulart, famoso “Minhocão”, em São Paulo) e na França (a chegada da “Autoroute A7”, em Marseille) e focando na microescala, consideramos que essas intervenções drásticas são qualificáveis como traumas urbanos e constituem catalisadores de traumatismos locais. A cicatriz urbana criada altera a aparência dos lugares e gera impactos rápidos e diretos sobre a composição do tecido social e cultural. Sendo um estudo comparativo entre três situações, sendo duas nacionais e uma internacional, esta pesquisa traça paralelos para analisar o fenômeno em diferentes contextos geográficos, políticos e sociais, destacando a natureza das infraestruturas estudadas e a época de construção como pontos principais de aproximação entre elas.