Esta tese tem por objetivo geral investigar o modo de constituição do projeto Leia Mulheres, com atenção aos discursos sobre a leitura, sobre a mulher leitora e mulher autora, considerando suas condições de emergência/resistência e suas modalidades do saber (práticas arqueológicas) e do poder (práticas genealógicas). Para tanto, procedemos a uma análise de discursos de e discursos sobre o Leia Mulheres, isto é, os enunciados provenientes das publicações nas redes sociais do grupo Leia Mulheres Feira de Santana e do site do Leia Mulheres (grupo central), como também enunciados sobre o Projeto, provenientes de sua repercussão em outros meios e instituições de sua circulação social, como jornais de circulação nacional e blogs, atentando para as relações de saber/poder que o atravessam. Este estudo ancora-se teórica e metodologicamente na perspectiva dos Estudos Discursivos Foucaultianos, que se pauta no método arquegenealógico, o qual nos dá o aporte necessário para discutir as relações entre sujeito, discurso, saber e poder e produção de subjetividades, a partir de uma acepção de discurso enquanto prática constituída historicamente. Verificamos que a prática da leitura de textos de autoria feminina, no âmbito do Leia Mulheres, representa um ato de resistência, uma prática de liberdade ética, tendo em vista que, por sua própria condição de discurso, modifica o modo de ser das sujeitas, a forma como fazem a experiência de si mesmas e de como se relacionam com os outros.