Esta pesquisa acompanhou movimentos de pessoas que se organizam na cidade de Itaguaí, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, com o objetivo de observar a construção de políticas de cultura. Focaliza-se em entender as práticas dessas organizações, especialmente ao lidar com concepções de “ausência” e “presença” da cultura no contexto local. Durante algum tempo, uma narrativa comum na cidade era de que “em Itaguaí, não existe cultura ou arte”, o que indicava uma percepção de ausência de produção cultural ou de investimentos por parte da prefeitura. No entanto, esta pesquisa evidenciou a existência de iniciativas culturais realizadas por agentes locais que, muitas vezes, operam sem apoio direto da administração municipal. A principal questão que se coloca é: como se consolida a presença de políticas públicas culturais ou da ação dos agentes locais que atuam como representantes do Estado ou de forma independente? A pesquisa foi realizada por meio da observação de dois eventos: o primeiro, a Primeira Conferência Popular de Cultura de Itaguaí, organizada por agentes culturais locais; e o segundo, a 22ª Expo Itaguaí, promovida pela própria estrutura do poder executivo municipal. O ponto em comum entre estes eventos é a mobilização das políticas públicas: no primeiro, esta mobilização se dá no âmbito das disputas por recursos impulsionadas pelos agentes culturais; no segundo, é possível compreender um modelo, claramente desigual, que emula uma ideia de acesso às políticas públicas de “cultura” por esses agentes. A metodologia utilizada foi a pesquisa etnográfica, com o objetivo de compreender os processos envolvidos na organização desses eventos e as relações entre os diferentes agentes.