A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo vírus SARS-CoV-2 com alta taxa
de transmissão. Por esta razão, os testes rápidos concebidos para identificar a doença têm
sido cruciais, mas as mutações do vírus têm potencialmente impactado a precisão destes
testes de diagnóstico. Estudos recentes concentraram-se na identificação de epítopos
imunodominantes na região RBD, peptídeos que podem identificar regiões lineares de
ligação a IgG e IgA. Entre esses peptídeos, o P44 demonstrou reatividade superior e está
em uma região hotspot de mutação presente em diversas variantes. Consequentemente,
este peptídeo foi selecionado para a construção de biossensores baseados em SERS e
técnicas eletroquímicas, permitindo detecção ultrassensível que fornece resultados
rápidos, precisos e confiáveis particularmente vitais onde a identificação rápida é crítica.
Nanopartículas de ouro (AuNPs) com tamanho médio de 30 nm foram sintetizadas pelo
método Turkevich. Essas AuNPs foram funcionalizadas com o peptídeo P44-WT (WildType) e suas formas mutadas, P44-T (variante Gama) e P44-N (variante Beta) utilizando
ácido 4-mercaptobenzóico (MBA) como agente estabilizador. A funcionalização dos
AuNPs foi confirmada através de ensaios UV-Vis, que apresentaram deslocamento da
banda plasmônica de 535 nm para 600 nm, e por medidas DLS, indicando aumento de
aproximadamente 52 nm no raio hidrodinâmico. Isto confirma a funcionalização e o
reconhecimento de anticorpos. Os espectros obtidos na análise SERS foram modelados
utilizando a técnica de classificação multivariada PLS-DA que apresentou 100% de
sensibilidade e 76% de especificidade para amostras (n=104). Adicionalmente, foram
realizados testes eletroquímicos, replicando a plataforma SERS em eletrodos de carbono
vítreo. Esses testes confirmaram a interação peptídeo-anticorpos, com limites de detecção
de 0,43, 4,85 e 8,04 ng/ml para P44-WT, P44-T e P44-N. Para validar estes ensaios, foram
utilizados soros de pacientes convalescentes com COVID-19 confirmados por ELISA. Os
dados sugerem que as duas técnicas estão validadas para a construção de biossensores
confiáveis, rápidos, porém, a escolha do peptídeo e a otimização são essenciais para a
obtenção de dados confiáveis. Além disso, é possível comparar as duas técnicas,
avaliando o desempenho e sugerindo a melhor opção frente a custo e complexidade no
preparo de amostras, além da obtenção dos resultados. Tendo essas premissas, podemos
concluir que estas metodologias podem ser aplicadas a outras doenças, seria apenas
necessário realizar a identificação do peptídeo apropriado para o reconhecimento do
anticorpo.