Este trabalho se propõe a estudar a analogia do bem comum na obra de Santo
Tomás de Aquino. O seu objetivo, assim, é demonstrar, a modo de tese, que, na
obra do Aquinate, a noção de bem comum se predica de modo analógico e tem
Deus por seu primeiro analogado. Para tanto, a investigação se dedica, em um
primeiro momento, a buscar nos textos do próprio Aquinate o que escrevera sobre a
analogia, dividindo-os em i) comentários de Santo Tomás a obras de terceiros e em
ii) escritos de primeira mão de Santo Tomás, e procurando, na medida do possível,
apresentá-los de modo cronológico. Em seguida contextualizamos o problema que
se insere no âmbito dos predicáveis e parece mais bem compreendido à luz da
doutrina dos universais. Buscamos então nos textos de Santiago Ramirez uma
sistematização dos escritos de Santo Tomás, que, a rigor, muito embora faça
extenso uso da noção de analogia, não escreveu sobre o tema de modo teórico e
geral. A partir disso, passamos a buscar, novamente nos escritos de Tomás de
Aquino, tudo o que escrevera sobre o bem comum, dividindo seus textos em dois
grupos: i) o bem comum do ponto de vista metafísico e ii) o bem comum político.
Dentro do primeiro grupo identificamos textos que cuidam de i) Deus como bem
comum, ii) o bem comum do universo, iii) o bem comum da criatura intelectual ou
racional, iv) o bem comum do anjo e v) o bem comum do homem. Munidos, então,
desse arcabouço teórico podemos conjugar os escritos de Santo Tomás sobre a
analogia e sobre o bem comum para afirmar a predicação analógica do bem comum.
Para tanto, abordamos a tradicional doutrina da analogia do ente, passando pela
coextensibilidade entre o ente o bem (sua propriedade transcendental), o que
explicará a analogia do bem. A partir disso, e amparados nos escritos de Félix
Lamas, apresentamos o que parece ser a distinção entre bem e bem comum, ou
seja, o fato de esse último constituir a perfeição de um todo composto por partes
subjetivas e, nessa qualidade, por elas participável. Consectário disso, o bem
comum, enquanto atua como princípio de finalidade, produz uma verdadeira ordem
do amor. Relacionamos, assim, as principais teses tomistas sobre o bem comum e
explicamos, a partir delas, os elementos que constituem a analogia do bem comum:
a relação causal entre os muitos bens, sua semelhança e distinção. Identificamos,
por fim, como se relacionam os muitos bens comuns e que relação existe entre o
conceito de bem comum e de fim último.