Essa dissertação visa compreender os atravessamentos de gênero na apropriação de saberes em danças, construídos na formação inicial em Educação Física, a partir das experiências de graduandos/as do terceiro período no componente curricular “Conhecimento e Metodologia do Ensino da Dança” do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo. Utilizamos a abordagem qualitativa, pois buscamos analisar e interpretar aspectos da nossa realidade que não podem ser quantificados. A pesquisa trata-se de um estudo de caso, e para alcançar os objetivos propostos, foram realizadas três técnicas: análise de documentos; observação; e entrevistas semiestruturadas com os/as estudantes e o/a professor/a da disciplina de Conhecimento e Metodologia do Ensino da Dança. Identificamos, a partir da triangulação dos dados obtidos por meio da observação, entrevistas e análise de documentos, como as construções socioculturais atribuídas às pessoas quanto à identidade de gênero e à orientação sexual, atravessam a apropriação dos conhecimentos em danças formação inicial do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo. Essa pesquisa se desdobrou em dois artigos distintos, mas interligados, que abordam diferentes dimensões. O primeiro artigo “Primeiras vivências com a dança: as percepções de estudantes de educação física”, sendo assim este artigo investigou as primeiras experiências com as danças de estudantes de Educação Física. Os resultados mostraram que, para muitos/as desses/as estudantes, as primeiras experiências com as danças ocorreram em lugares e de formas distintas, sendo a escola a mais mencionada pelos/as entrevistados/as. Embora predominante nas respostas, ainda existe algumas dificuldades quando se trata das danças enquanto conteúdo da Educação Física escolar. Cientes desse passado, o segundo artigo “Corpos em diálogo: experiências prévias e a construção de conhecimentos relacionados às questões de gênero na dança”, teve um enfoque estudar as experiências com a dimensão de gênero e as danças e a construção de conhecimentos dos/as estudantes de Educação Física sobre as relações de gênero dentro desse campo. A pesquisa mostrou que, ao romper com os estereótipos de gênero e a adoção de práticas pedagógicas inclusivas, o componente curricular possibilitou que as danças fossem desenvolvidas em um espaço educativo, acolhedor e emancipador, o qual propiciou transformações e deu força para resistências, ao promover o respeito e a valorização da diversidade. Enquanto o primeiro artigo foca nas primeiras vivências e percepções desses estudantes, o segundo amplia o olhar para as implicações dessas vivências no contexto das relações de gênero. Juntos, os dois artigos oferecem uma reflexão crítica sobre o papel da dança na formação acadêmica e como ela pode ser um campo de experimentação e aprendizado sobre o corpo, a identidade e as dinâmicas sociais. A pesquisa contribui para uma maior compreensão das possíveis transformações na formação dos futuros profissionais de Educação Física, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento e desconstrução de padrões normativos de gênero.