Introdução: os centros cirúrgicos caracterizam-se como setores de alta complexidade, tanto pela alta densidade tecnológica, quanto pela complexidade dos processos de trabalho. A segurança do paciente nesses serviços tem sido amplamente discutida e constitui-se em objeto de várias estratégias e políticas reguladoras que situam a segurança como uma importante dimensão da qualidade dos serviços de saúde. A população acima de 60 anos, parcela importante dos atendimentos na saúde, submete-se cada vez mais a intervenções cirúrgicas neste contexto de rápido envelhecimento populacional, requerendo cuidado com riscos controlados e com maior segurança. Objetivo: avaliar a estrutura e funcionamento do centro cirúrgico de um hospital de porte especial; avaliar a cultura de segurança entre os profissionais que atuam neste cenário; conhecer a taxa de ocupação por idosos neste cenário. Método: estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa, para avaliar a cultura de segurança e a estrutura e funcionamento de uma unidade de saúde realizada em duas etapas: aplicação do Questionário Atitudes de Segurança (QAS) em 226 profissionais que trabalham no Núcleo de Centro Cirúrgico (NCC), erro amostral de 0,05; avaliação da estrutura e funcionamento do NCC, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde (PNASS), que avalia a conformidade em relação às normas e legislações. Resultados: a taxa de ocupação do NCC com população acima de 60 anos no período foi de 47%. Na avaliação da estrutura e funcionamento, dos quinze critérios avaliados, apenas um apresentou percentuais de conformidade recomendável (83,3%) para reduzir risco imediato ou mediato ao paciente. Os demais critérios apresentaram baixos percentuais de conformidade. Na avaliação da cultura de segurança, participaram 226 profissionais, com taxa média de resposta de 40%. Foram evidenciados resultados positivos para os domínios Percepção do Estresse e Satisfação no Trabalho. No entanto, nos domínios Clima de Trabalho em Equipe e Clima de Segurança foram encontrados escores abaixo do mínimo recomendado (75) para uma boa percepção. Os domínios Percepção da Gerência da Unidade, Percepção da Gerência do Hospital e Condições de Trabalho apresentaram os menores escores. O escore total do QAS foi de 53,55. Considerações finais: evidenciou-se que a percepção da cultura de segurança entre os profissionais do NCC é negativa e que a estrutura e funcionamento do cenário avaliado não estão em conformidade com critérios estabelecidos em normas e legislações que podem acarretar riscos imediatos e mediatos aos pacientes. Esses elementos possivelmente influenciam as percepções dos profissionais que trabalham neste setor sobre as melhores práticas para garantir a segurança dos pacientes. Estratégias para implantar uma cultura na qual o paciente esteja em primeiro lugar são necessárias, assim como a melhoria da gestão dos recursos para proporcionar um ambiente seguro para ambos, profissionais e pacientes.