A relação entre os povos e comunidades tradicionais e as unidades de conservação é o foco
deste trabalho, por meio da análise do processo de realização da Nova Cartografia Social
pela Comunidade de Ilhéus do Rio Paraná. São nove os povos e/ou comunidades
tradicionais, no Paraná, que se auto-afirmam segundo sua identidade étnica e coletiva
como povos e comunidades tradicionais, compreendidos como grupos culturalmente
diferenciados por formas próprias de ocupação e uso dos territórios tradicionalmente
ocupados. Entre os diversos conflitos e situações adversas enfrentadas por elas,
identificamos a sobreposição dos territórios com a criação de Unidades de Conservação,
sendo algumas delas de proteção integral, como a que se refere aos Ilhéus do Rio Paraná.
Este trabalho sintetiza a ação de organização desta comunidade, seus principais conflitos,
resistências e enfrentamentos frente aos processos de expropriação resultantes das cheias
do Lago de Itaipu e a criação dos empreendimentos das áreas protegidas enquanto ilhas de
conservação. A luta, resistência e organização social dos povos e comunidades tradicionais
do Paraná, a partir dos Ilhéus, compõem o trabalho como princípio argumentativo frente à
necessidade de reconhecimento, por parte do estado brasileiro, do direito ao ambiente e de
permanência das comunidades em seus territórios, hoje transformados em unidades de
conservação. Identificadas como um conflito pelos Ilhéus, as unidades de conservação
impedem a legitimidade de permanência, por seu formato de criação ou gestão. Porém, as
áreas protegidas, dispõem de uma legislação que diferencia dois tipos de unidades de
conservação: uso sustentável e proteção integral. Caracterizando uma divergência com a
política pública conservacionista e o direito ao ambiente, a permanência, indenização e reassentamento,
reivindicados pelos ilhéus. Entre os diversos processos de expropriação,
foram apresentados elementos que os ilhéus são desalojados pelos empreendimentos
conservacionistas. Assim, o processo de resistência histórica, a luta pela permanência nas
ilhas, a elaboração de documentos, mapas, etc, como a Cartografia Social, instrumentaliza
a comunidade no movimento de luta por justiça ambiental.