A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória sistêmica, crônica e progressiva, que pode causar limitação funcional e danos articulares progressivos, que causam dor, diminuição da mobilidade, força e atividade física, levando a alterações de propriocepção, equilíbrio postural e marcha, que aumentam o risco de queda. Em vista disso, o presente estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de quedas relatadas em pacientes com AR e sua relação com atividade da doença, capacidade funcional e aptidão física. Para isso foi feito um corte transversal com a amostra composta por 99 pacientes com diagnóstico de AR acompanhados no Serviço de Reumatologia da Faculdade de Medicina de Marília. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido os pacientes foram avaliados quanto a atividade da doença pelo Disease Activity Score (DAS-28), capacidade funcional pelo Health Assessment Questionnaire (HAQ), questionário sobre quedas e os seguintes testes físicos: Escala de Equilíbrio de Berg (Berg), Teste Timed Up and Go (TUG), Teste de Caminhada de 6 Minutos (TC6M) e Short Physical Performance Battery (SPPB) ou Bateria de Testes de Guralnik. Na análise dos dados foram feitos teste de Kolmogorov-Smirnov para normalidade, correlação de Spearman, Qui-quadrado e Mann Whitney, com nível de significância de p<0,05. Os pacientes eram 88,9% do sexo feminino e com idade média de 56,15 anos (±11,64). A mediana da duração da AR foi de 10 anos (P25=5,5 e P75=17,5) e a média da atividade da doença pelo DAS28 foi de 3,59 (±1,32), considerada moderada atividade. Do total, 37,4% dos pacientes sofreram pelo menos 1 queda nos últimos 12 meses, sendo a maioria na própria casa (54,7%), enquanto andavam (62,2%), por tropeço ou escorregão (73,6%); como consequência 64,2% tiveram algum ferimento ou dor intensa mas a maioria (66,1%) não precisou de atendimento médico. O medo de cair foi relatado por 73,7% dos pacientes, mas sem associação com a presença de queda (χ2=1,64, p=0,2). O sexo (χ2=0,34, p=0,557), a quantidade de medicamento (χ2=8,8, p=0,359), a idade (r=0,076, p=0,454), a atividade da doença (r=0,067, p=0,510), a duração da AR (r=0,015, p=0,881), a capacidade funcional (r=0,169, p=0,094) e os testes físicos não apresentaram associações com o relato de quedas no último ano. Pior desempenho no HAQ e maior atividade da doença (DAS28) foram associados a piores desempenhos nos testes físicos propostos. Os testes físicos mostraram correlação de moderada a forte (p<0,01) entre si, mas não se associaram a ocorrência de quedas em nossa amostra. Conclui-se portanto que a ocorrência de quedas nessa amostra de pacientes com AR não está relacionada com atividade da doença, capacidade funcional e com nenhum teste de aptidão física. Porém observou-se que sua ocorrência é alta e o medo de cair está muito presente nessa população, o que exige identificação de fatores de risco de modo a prevenir a ocorrência de quedas. A ocorrência de queda é um evento multifatorial complexo cuja predição pode ser difícil mesmo com o uso conjunto de medidas da atividade da doença, funcionalidade e testes físicos.