Esta tese apresenta e analisa os resultados de pesquisa sobre o ensino de Geografia no município de Maringá, Estado do Paraná, Brasil, tendo como objetivo estudar a correlação entre formação e atuação do professor do ensino fundamental e médio. Analisar a formação do professor de Geografia implicou investigar aspectos da: política educacional, formação acadêmica, estágio supervisionado e a atuação em sala de aula. Para o estudo, aplicou-se um questionário composto de quarenta questões que levantavam informações sobre a política educacional, formação profissional, capacitação docente, utilização e produção de recursos didáticos, técnicos e tecnológicos utilizados no ensino. Foram também contempladas questões sobre as competências geográficas que o professor julga importantes que o aluno do ensino básico aprenda e, paralelamente, quais são as estratégias que o professor utiliza para que isso aconteça, como por exemplo, métodos utilizados em sala de aula e trabalho de campo. Para levantar informações sobre a formação, foi solicitado ao professor que explicitasse as linhas teórico-pedagógica e geográfica por ele adotadas, os tipos de avaliação adotados e as avaliações que ele faz sobre o ensino de Geografia. Das 29 escolas públicas e 25 particulares de ensino fundamental e médio de Maringá, 20 compuseram a amostra, sendo 10 públicas e 10 particulares. A amostra da pesquisa foi composta por 62 professores, 42 de escolas públicas e 20 de escolas particulares. Na análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva e de correlação, e dois problemas básicos foram identificados. Constatou-se pelos resultados que há um desalinhamento entre a declaração dos professores quanto às linhas teórico-pedagógicas e geográficas adotadas e as estratégias de ensino, como também, entre as sugestões apresentadas pelos professores para melhorar a formação profissional e a percepção que eles têm sobre a política educacional do país, comprovando a tese de que há lacunas na formação acadêmica da Licenciatura em Geografia. A falta de infraestrutura física e de apoio às atividades de ensino ficam evidentes quando os professores declaram que os ambientes de ensino não dispõem os recursos didáticos, técnicos e tecnológicos necessários para suas atividades, por falta ou por avaria e/ou ausência de manutenção. As lacunas relacionadas à formação acadêmica, desde que equacionadas, poderiam minimizar parte dos obstáculos que dificultam a prática do professor com relação às atividades que levem à transposição teórica à prática para a sala de aula e para os alunos. A escassez de atividades de campo indica que a superação dos entraves requer uma reestruturação das diretrizes políticas na área da Educação e da Geografia, e não depende somente da formação do professor, pois 98% dos professores declararam que o trabalho de campo é um meio efetivo para a aprendizagem em Geografia. Atualmente, o ensino é rotineiramente sustentado pelo livro didático, promovendo a reprodução do conhecimento, e não a sua construção. Além disso, as mudanças são procrastinadas pela ausência de mobilização dos professores para reivindicar as adequações necessárias à melhoria do ensino e ao desenvolvimento profissional. Pode-se concluir que existem distorções implícitas, ou até mesmo rupturas na matriz epistemológica da Geografia adotada no ensino escolar, pela falta de rigor científico. Essas mudanças exigem a intensificação do diálogo na área da educação e do ensino da Geografia, mas principalmente frente a essa conjuntura, o aprofundamento e consistência do conhecimento geográfico, condição para um diálogo entre áreas.