Atualmente, as feiras estão cercadas de dificuldades, ameaças, conflitos e dúvidas,
características da era da globalização, que exigem aptidões dos feirantes para
superar as constantes dificuldades. Este estudo se apoiou nas mobilidades de
feirantes revendedores, e os feirantes produtores, além dos consumidores, para um
ponto de redes do espaço urbano: a feira. Estas mobilidades do trabalho e do
consumo operam evidências da efetividade de contra racionalidades e de
racionalidades paralelas, que se levantam como realidades ante o capitalismo
hegemônico, e apontam caminhos “novos” e insuspeitados ao pensamento e à ação
socioeconômica e cultural da população brasileira e portuguesa. Portanto, as feiras
são lugares de resistência, espaços de sobrevivência do acontecer solidário,
possibilidades reais e efetivas de comunicação, de trocas de informação e
construção política; são contra racionalidades resistentes às mudanças e imposições
do mundo globalizado; são “espaços diferenciais” (LEFEBVRE) e pontos de redes.
Deste modo, o objetivo deste trabalho é analisar comparativamente as feiras do
Produtor de Maringá e de Leiria, as mobilidades dos trabalhadores feirantes e a
dimensão de resistência dos trabalhadores do setor, frente à sua continuidade futura
nos espaços do capitalismo global. Os resultados nos permitiram
representar/mapear as articulações dos diferentes espaços condicionadas pelas
mobilidades da força de trabalho e do consumo de Maringá e Leiria, à luz da cultura
e no âmbito dos significados. A preocupação com a mobilidade urbana da população
e, em particular, com a mobilidade dos trabalhadores, é uma questão significativa
para quem vive nos espaços urbanos e, em Maringá e Leiria não é diferente. A
própria mobilidade e estrutura da sociedade vem sendo modificada, devido às novas
crises do capitalismo e às necessidades oriundas de uma grande parcela da
população que se encontra desempregada. Ressalta-se o papel da feira como
dinâmica específica, fruto do acúmulo de processos singulares que se
desenvolveram a partir de crises originadas de diferentes tempos (HARVEY). Assim,
consideram-se as feiras na perspectiva da economia solidária, do cooperativismo
popular, do consumo próximo, da produção sustentável e outras ações alternativas
que podem ser engendradas nas economias locais dando melhores respostas aos
trabalhadores e consumidores. É na crise que a possibilidade de mudança aparece
como um caminho alternativo para uma sociedade mais justa.