Amostras de alface (Lactuca sativa) e chicória (Cichorium intybus) recebidas por uma Unidade de Alimentação Nutricional (UAN) de um Hospital Universitário do Triângulo Mineiro – MG foram coletadas, por 10 vezes em períodos distintos, em diferentes etapas do processo de preparo: logo após a recepção na UAN, logo após a lavagem com água corrente, logo após a sanitização em solução de hipoclorito de sódio e pronta para o consumo pelos pacientes do hospital. Foram realizadas contagens das populações de bactérias aeróbias mesófilas, Enterococcus spp. e Enterobacteriaceae das amostras, comparando-se as populações ao longo do processo de preparo. Das populações encontradas nas amostras prontas para o consumo, ou seja, que sobreviveram ao processo de higienização, foram selecionadas ao acaso 10 colônias de Enterococcus spp. e 10 de Enterobacteriaceae de cada coleta, isolando-as para a identificação da espécie e do perfil de sensibilidade a diversos antimicrobianos largamente utilizados na área clínica. As populações de mesófilos das amostras logo após a recepção variaram entre 1,11 x 107 e 1,08 x 109 UFC.g-1, sendo reduzidas durante as etapas de lavagem e sanitização, alcançando valores entre 104-105 UFC.g-1. Os Enterococcus spp. estiveram em populações entre 5,1 x 103 e 1,86 x 106 UFC.g-1 nas amostras recém-recebidas e entre 2,20 x 102 e 9,28 x 104 UFC.g-1 nas amostras prontas para o consumo. As contagens das populações de Enterobacteriaceae apresentaram valores entre 9,00 x 104 e 8,80 x 106 UFC.g-1, reduzindo-se para populações entre 103-104 UFC.g-1 após a etapa de sanitização. Dos Enterococcus isolados, a maioria foi identificado como E. casseliflavus (72%) e 65% das bactérias deste gênero apresentaram resistência à eritromicina. Das Enterobacteriaceae, foram identificados com maior frequência Enterobacter cloacae (28%), Klebsiella pnemoniae (28%) e Pantoea agglomerans (20%). Dos isolados analisados, um E. cloae mostrou-se resistente a 7 dos antimicrobianos testados em Enterobacteriaceae. Conclui-se que a contaminação de hortaliças pela UAN é muito elevada, não sendo o processo de higienização adequado para garantir populações mínimas dos micro-organismos estudados, que ao entrar em contato com os pacientes da UAN, muitas vezes em situação de baixa imunidade, podem comprometer as terapias utilizadas no ambiente hospitalar.