Nesta pesquisa, nossa atenção está voltada para os conflitos socioambientais em áreas protegidas, a saber, a Área de Preservação Permanente, APP. Ela foi criada por meio do Código Florestal instituído pela Lei 4771 de 15 de setembro de 1965. A APP tem a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. No entanto, quando ela se sobrepõe aos territórios ocupados, têm-se os conflitos entre o cumprimento da lei, o direito ao território e ao ambiente. Neste contexto, apresentamos a situação vivenciada pelos Ilhéus do Rio Cavernoso, no município do Candói-Pr. Estes foram assentados na área, no ano de 1984, por meio do projeto de colonização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Parte deles são famílias expropriadas do seu território, na Ilha Grande no Rio Paraná, por ocasião das enchentes decorrentes da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Não bastasse todo o processo de expropriação e fragilidades sofridas pelos sujeitos naquela ocasião, novamente, mas sob outras bases, os mesmos estão sujeitos à perda do seu território. Buscando elucidar a complexidade da questão, optamos por nos apoiar nos conceitos de território, ambiente e injustiça ambiental, e adotamos a metodologia qualitativa na coleta de dados empíricos, integrando entrevistas semi - estruturadas, questionários, e o mapeamento do uso da terra. Como resultado, verificamos que na área de abrangência da APP há vários usos da terra, floresta nativa (45%); cultura permanente (4%); pastagem (47%) e solo exposto (4%). O fato é que, para os ilhéus, qualquer pedaço do seu território é importante para sua reprodução social e econômica, uma vez que a área da propriedade é pequena e, nem toda ela, é passível de ser apropriada.