O aumento da população idosa é um fenômeno mundial, acarretando mudanças econômicas, sociais e para o setor da saúde. Nota-se uma associação direta entre a melhora na expectativa de vida e o aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, sendo o acidente vascular cerebral a segunda maior causa de mortalidade, e a principal causa de incapacidade no mundo. O Brasil é o sexto país com maior taxa de mortalidade por acidente vascular cerebral e o primeiro da América Latina. Alguns fatores como infecção adquirida pós-acidente vascular cerebral estão associadas a pior prognóstico. O objetivo deste estudo foi caracterizar a população idosa internada com diagnóstico de acidente vascular cerebral agudo, determinar a incidência das principais infecções hospitalares por topografia, o impacto destas infecções na evolução, e no tempo de permanência hospitalar. Foi realizado um estudo de coorte prospectivo durante o período de janeiro a dezembro de 2014, incluindo os pacientes com diagnóstico de acidente vascular cerebral agudo internados nas Unidades de Tratamento Intensivo e enfermarias de Clínica Médica do Hospital das Clínicas de Marília e Hospital São Francisco. Foi utilizado instrumento padronizado de coleta de dados estruturado. Foram estudados 77 pacientes sendo 44 homens, a idade média foi 70,1 anos. Hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2 foram as doenças de base predominantes, 77,9% (n=60) e 33,8% (n=26) dos casos, respectivamente. Em relação às características do acidente vascular cerebral, 52 pacientes (67,5%) foram acometidos pela primeira vez e 25 (32,5%) eram recorrentes, 81,8% apresentaram acidente vascular cerebral isquêmico, 62,3% na artéria cerebral média. A média de pontuação à escala National Institutes of Health Stroke Scale foi 15,77 pontos sendo que 40,2% apresentaram escore maior que 16. Em relação ao grau de dependência pela escala de Rankin, 48,1% apresentaram dependência grave. Tiveram infecção hospitalar 11 pacientes (14,3%) sendo a pneumonia a mais frequente (11,7%). O tempo médio de hospitalização foi de 13,8 dias sendo que pacientes com infecção permaneceram em média mais tempo internados quando comparados com os pacientes sem infecção(21,4 dias e 12,5 dias respectivamente, P= 0,008). A mortalidade foi maior entre os pacientes considerados graves à admissão quando comparados com aqueles com gravidade leve a moderada (31,3% e 0% respectivamente, P=0,00) e entre aqueles que desenvolveram infecção hospitalar quando comparados aos que
não apresentaram esta complicação (36,4% e 9,1% respectivamente, P=0,03).Nossos resultados sugerem que as infecções são uma complicação importante entre os pacientes com acidente vascular cerebral agudo, com impacto tanto no tempo de hospitalização como na evolução, sendo responsável por maior mortalidade.