É notável o aumento da sobrevida dos pacientes críticos, devido à evolução tecnológica e interação da equipe, porém a consequência negativa é o surgimento de complicações inerentes à internação e imobilidade no leito, como fraqueza muscular adquirida na unidade de terapia intensiva (UTI) e diminuição da funcionalidade. Tais alterações são relacionadas com aumento da mortalidade e do tempo de internação na UTI, principalmente nos idosos que apresentam mais perdas musculares e funcionais somente pelo envelhecimento. A ação fisioterapêutica de mobilização precoce, com o intuito da retirada do paciente do leito, parece ser uma medida eficaz para o tratamento dessas complicações. O presente estudo teve o objetivo de analisar a funcionalidade em idosos e a sua relação com o tempo de internação na UTI. Trata-se um estudo de coorte retrospectivo com amostra de 784 idosos que estiveram internados no período de 01 de março de 2013 a 31 de janeiro de 2014 e receberam alta da UTI do Hospital Santa Luzia, em Brasília-DF. Todos os idosos foram avaliados quanto a funcionalidade pela Functional Status Score in the ICU (FSS-ICU), tempo para o 1oortostatismo, capacidade de deambulação no momento da alta, e quanto a força muscular pela Medical Research Council (MRC). Foram submetidos a um protocolo de mobilização precoce guiado pela equipe de fisioterapia do próprio hospital. Os idosos foram avaliados em grupos distintos, Grupo Deambulação (GD), com 394 pacientes e Grupo Não-Deambulação (GND), com 390 idosos. Foi observada melhora da capacidade funcional, quando avaliado a FSS-ICU e a MRC, mas significativamente (p < 0,001) maior no GD. Foi possível observar que o grupo de pacientes que não deambulavam eram mais idosos e mais graves segundo o APACHE II. Em relação à funcionalidade e força muscular, na admissão e na alta, e em relação ao tempo de internação, houve diferença estatística significante (p < 0,05) pela análise inferencial com teste de Mann-Whitney, com melhores resultados no GD. Os idosos capazes de deambular no momento da alta da UTI assumiram o ortostatismo mais precoce e tiveram menor tempo de internação. Conclui-se que a melhora funcional e da força muscular durante a internação levam a condições melhores no momento da alta da unidade e menor tempo de duração da internação. A justificativa para tal resultado parece estar relacionada com o prognóstico funcional desses idosos, uma vez que todos receberam o mesmo tratamento, mas somente os que mais rapidamente conseguiram realizar ortostatismo foram correlacionados com os efeitos benéficos da mobilização precoce.