A incidência de obesidade nas últimas décadas vem aumentando de forma preocupante em todas as faixas etárias, destacando a pediátrica, tornando-se fator de relevância em saúde pública em todo o mundo. A obesidade, quando associada a alterações metabólicas específicas, caracteriza a chamada Síndrome Metabólica (SM). A SM é reconhecida como um estado pré-diabético, e quando presente em crianças e adolescentes, aumenta o risco de eventos cardiovasculares precoces, ainda na idade adulta. Com um delineamento transversal, este estudo objetivou comparar o perfil antropométrico, composição corporal (bioimpedância tetrapolar), pressão arterial, glicemia capilar, grau de atividade física e aspectos sociodemográficos de adolescentes do ensino médio obtidos em 2000 com os mesmos parâmetros obtidos de adolescentes em 2015. Na amostra de 2015, a faixa etária média foi de 15,3 anos. A pressão arterial diastólica (PAD) foi semelhante para ambos os gêneros (69,7 x 68,5 mmHg; p = 0,132). As meninas possuíam valores discretamente maiores de índice de massa corporal (IMC) (21,8 x 21,0 kg/m²; p = 0,019) e de percentagem de gordura corporal (29,6 x 18,6%; p < 0,001), enquanto nos meninos, os valores foram superiores de pressão arterial sistólica (PAS) (121,5 x 110,4 mmHg; p < 0,001), circunferência abdominal (CA) (78,2 x 76,2 cm; p = 0,013), glicemia (90,4 x 87,5 mg/dL; p = 0,040) e de percentagem de massa magra (80,8 x 70,6 %; p < 0,001). Comparando as amostras de 2000 e 2015, nas meninas, verificamos a diminuição da PAS (112,3 x 110,4 mmHg; p = 0,021) e PAD (72,9 x 68,5 mmHg; p <0,001), e observamos um aumento na CA (76,2 x 72,2 cm; p <0,001). Para os meninos, a PAS aumentou (121,5 x 116,5 mmHg; p <0,001) junto com a CA (78,2 x 74,9 cm; p = 0,001), e houve uma diminuição na PAD (74,3 x 69,7 mmHg; p <0,001). Os demais parâmetros permaneceram semelhantes nos dois gêneros. O sedentarismo aumentou nas meninas (42,2% x 75,9%; p <0,001) e nos meninos (21,6% x 52,0%; p <0,001). A correlação entre a pressão arterial média e o índice de massa corporal do total de 1231 adolescentes avaliados nos anos 2000 e 2015 mostrou ser positiva (r = 0,31; p <0,001), semelhante a correlação entre a pressão arterial média e circunferência abdominal (r = 0,29; p <0,001). E como esperado, o índice de massa corporal apresentou forte relação com a circunferência abdominal dos jovens analisados (r = 0,82; p <0,001). Os dados levantados mostram que pouco menos da metade dos adolescentes de 2015 apresentam valores elevados de circunferência abdominal e porcentagem de gordura absoluta. Quando comparadas as amostras, em ambos os gêneros, os adolescentes se mostram mais sedentários e evidencia-se um aumento da adiposidade abdominal, indicando um prenúncio da SM e suas possíveis complicações na fase adulta. Constatamos que o excesso de gordura corporal, mesmo que de forma precoce, apresenta influência sobre a pressão arterial dos jovens analisados.