Introdução: Artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória crônica, de predomínio articular, que atualmente conta com vasto arsenal terapêutico. Além do grande avanço do conhecimento sob o ponto de vista articular, as publicações dos últimos anos têm abordado, com maior freqüência, o envolvimento cardiovascular (CV) associado ao processo inflamatório crônico e à presença de fatores de risco prevalentes nesta população. A presença de dor, fadiga e limitação de mobilidade favorecem o sedentarismo que, em conjunto com medicações, predispõe a vários fatores de risco CV característicos da síndrome metabólica (SM) – obesidade central, dislipidemia, hipertensão e hiperglicemia. Entre os mecanismos de lesão na AR, destaca-se o papel do fator de necrose tumoral-(TNF-), cujos efeitos são, em parte, mediados pela indução do estresse oxidativo e a diminuição da biodisponibilidade do óxido nítrico, manifestações estas da disfunção endotelial que ocorrem com a aterosclerose. Portanto, a inflamação da AR e os fatores de risco das doenças cardiovasculares (DCV) na SM podem envolver mecanismos comuns de estresse oxidativo, sendo importante conhecer a relação entre essas doenças com interesse na redução da alta morbimortalidade CV observada em pacientes com AR. Objetivos: Avaliar a ocorrência da síndrome metabólica em pacientes com artrite reumatoide, bem como suas implicações no estresse oxidativo, a função endotelial e as defesas antioxidantes plasmáticas. Metodologia: Estudo transversal, tipo caso-controle, com pacientes com AR em acompanhamento ambulatorial e controles. Os pacientes foram avaliados quanto à atividade da doença e todos os sujeitos foram avaliados quanto à funcionalidade e os critérios da SM. Nas amostras sanguíneas, foram realizadas mensurações de óxido nítrico, teste das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e capacidade antioxidante total do plasma(FRAP). Resultados: Foram estudados 210 sujeitos – 85 pacientes e 125 controles. Com relação à SM, não houve significância estatística entre nenhum dos três critérios. Ao verificar a SM em ambos os gêneros, houve significância estatística apenas pelo NCEP - ATP III(Programa Nacional de Educação em Colesterol/Painel de Tratamento de Adultos-III). Houve correlação da circunferência abdominal com índice de massa corporal (IMC) (0,566) e FRAP (0,235) nos pacientes e, nos controles, houve correlação de TBARS com FRAP (0,334), circunferência abdominal com FRAP (0,193), IMC com circunferência abdominal (0,426) e FRAP (0,227). Não houve diferença no DAS-28 (Índice de Atividade da Doença) em pacientes com ou sem SM em nenhum dos três critérios de diagnóstico (NCEP – ATP III, IDF (Federação Internacional de Diabetes) e JIS (Declaração Conjunta Provisória)). Conclusões: Pacientes com AR não apresentaram maior prevalência da SM que controles. A atividade da doença não teve correlação com peroxidação lipídica nem com capacidade antioxidante plasmática. Não houve correlação entre atividade da doença e a SM.