Introdução: A redução da mortalidade materna é uma das metas mundiais e o estudo da morbidade materna tem ajudado a entender os agravos associados a este desfecho instigando mudanças e melhorando a qualidade no cuidado na gestação, parto e pós-parto. Objetivo: Avaliar os aspectos sociodemográficos, epidemiológicos e clínicos de gestantes com morbidade materna grave; internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Sistema Único de Saúde (SUS) do Distrito Federal. Metodologia: Esta pesquisa foi iniciada com uma revisão da literatura, seguida por um estudo original, retrospectivo, analítico e transversal, cuja coleta foi realizada em sete Unidades Públicas de Terapia Intensiva (UPTI) no Distrito Federal (DF), no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2013. Foram obtidas informações de idade, número de gestações, parto, pré-natal, patologias previas, desfechos clínicos, laboratoriais e de manejo. Além de avaliar a terceira demora na assistência hospitalar de mulheres admitidas em UTI por complicação direta ou indireta na gravidez e puerpério até 42 dias pós-parto, aplicando critérios de identificação de morbidade materna grave e near miss sugeridos pela Organização Mundial de Saúde. Resultados: Neste estudo foi encontrado 224 gestantes, puérperas e pós abortamento com potencial risco de vida e 19 casos de near miss materno; correspondendo esse a 11,56% das mulheres com morbidade grave. A proporção desses casos com evolução para óbito foi 1,58: 1 e um Índice de Mortalidade (IM) de 38,7%. A média de idade foi de 27,4 ± 7,26 anos, primípara, com pré-natal e sem antecedentes de doenças prévias. A complicação mais comum em ordem de maior ocorrência foi desordens hipertensivas, hemorragia e sepse similares a outras regiões do Brasil; houve um significante número de mulheres que complicara devido a cardiopatia previa e a demora na intervenção e acesso a UTI foi a mais prevalente nas mulheres com near miss materno. Divergindo da literatura mundial que relaciona complicações mais frequentes a mulheres mais velhas, multíparas e sem pré-natal. Conclusão: O Distrito Federal apresenta níveis socioeconômicos de um país desenvolvido, mas o presente trabalho mostrou resultados de complicações maternas similares a outras regiões do país e do mundo, sugerindo a necessidade de novas estratégias na identificação e condução das complicações maternas, instigando pesquisas adicionais quanto no desenvolvimento de ferramentas clínicas de acesso multidisciplinar.