A utilização de diferentes tipos de concreto para as mais variadas aplicações se torna cada vez mais vigente na construção civil. Dentre os concretos com aplicação crescente se destaca o concreto autoadensável (CAA). Para obtenção do CAA algumas precauções devem ser tomadas, o estudo e dosagem da argamassa por exemplo, responde pela maioria das propriedades do CAA no estado fresco. A pesquisa tem por objetivo, dosar argamassa autoadensável com fíler calcário e substituir parte do agregado miúdo por cinza do bagaço de cana-de-açúcar (CBC), a fim de reduzir a extração de areia dos leitos dos rios e determinar uma aplicação para o resíduo industrial da cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Inicialmente, foi definida a taxa de substituição de areia natural por cinza do bagaço de cana-de-açúcar, a determinação se deu por meio da composição dos dois materiais a fim de se obter a maior massa unitária compactada, que serviu de base para dosagens posteriores. Em sequência, foi determinada a proporção ótima de agregado miúdo por meio da dosagem de argamassas com três relações de cimento/agregado (1:1; 1:2; 1:3), para cada proporção de agregado miúdo foram variadas seis dosagens de aditivo superplastificante (0,0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0%) em relação a massa de cimento, após o desenvolvimento da argamassa foram realizados os ensaios de espalhamento e funil-V definidos pela metodologia de Okamura e Ouchi (2003) e obtidos os índices de espalhamento relativo (Gm) e tempo de escoamento relativo (Rm). Por fim, foi selecionada a série de traços que obtiveram melhores aspectos de fluidez e viscosidade para determinar a proporção de agregado/cimento a ser utilizada nas próximas dosagens. Todos os traços possuíam relação água/cimento de 0,5. Foram definidas como variáveis da pesquisa os teores de finos (f/c) nas taxas de 0,0; 0,1; 0,2; 0,3; 0,4; 0,5 em relação a massa de cimento. Para cada teor de finos foram variadas seis proporções de aditivos superplastificantes (0,0; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0%). Ao fim do desenvolvimento de cada argamassa foram realizados os ensaios de espalhamento e funil-V para argamassas e definido as argamassas que possuem propriedades autoadensáveis. Para as argamassas autoadensáveis foram moldados corpos de prova para determinação da resistência à tração aos 28 dias, e resistência à compressão aos 7 e 28 dias. A taxa de substituição de areia natural por CBC que obteve a maior massa unitária foi a composta por 60% de areia fina e 40% de CBC. A relação de cimento/agregado que apresentou os melhores aspectos de fluidez e viscosidade foi a de 1:2. No estado fresco, o comportamento das argamassas devido a variação no teor de finos foi caracterizado por um aumento de viscosidade e redução da fluidez quanto maior era a utilização de fíler calcário, por outro lado, quanto maior a relação sp/c maior a fluidez e menor a viscosidade das argamassas. No estado endurecido, as argamassas com propriedade autoadensável apresentaram leve aumento de resistência à tração e à compressão conforme se aumentava a dosagem de fino e de aditivo superplastificante, fato que ocorreu devido ao efeito fíler do fino aumentando a coesão do material, e, pelo aumento da dosagem de aditivo superplastificante mantendo a quantidade de água, obtendo-se assim um melhor comportamento mecânico. A produção de argamassas autoadensáveis com altas taxas de CBC é viabilizada por meio de adequação nos teores de finos e aditivo superplastificante, que podem ser utilizadas como base para dosagens futuras de concreto autoadensáveis.