Este trabalho versa sobre a construção de estratégias de leitura e a formação do leitor no contexto escolar. Trata-se de uma investigação voltada para as práticas de leitura literária do Programa BALE, especificadamente, do Projeto “Mirins Leitores Grandes Mediadores” (SAMPAIO, 2014), em consonância com o trabalho de três professoras de uma escola pública de Pau dos Ferros. Objetiva-se, com esta pesquisa, analisar as aproximações e distanciamentos das estratégias de leitura utilizadas no Programa BALE e na sala de aula, evidenciando as implicações dessas na formação de alunos-leitores. Enquanto objetivos específicos, elencamos: (i) Observar as estratégias de leitura utilizadas no Programa BALE e na sala de aula; (ii) Identificar aproximações e distanciamentos entre as estratégias de leitura empregadas no Programa BALE e na sala de aula; e (iii) Analisar as implicações das estratégias de leitura utilizadas no Programa BALE e na sala de aula na formação de alunos-leitores. A opção pela abordagem qualitativa, com geração de dados empíricos, apoia-se em técnicas, tais como: o questionário para caracterização das professoras; a entrevista coletiva e as notas de campo, como registro da observação participante da prática pedagógica das educadoras. Os discursos das professoras foram os fios condutores para o processo de análise, mais especificamente, aqueles advindos da entrevista coletiva, na qual diagnosticamos aproximações e distanciamentos entre as estratégias de leitura utilizadas na escola. Na análise da prática pedagógica, percebemos que as educadoras têm dificuldades, no que se refere à transposição didática dos conhecimentos teóricos para a construção de estratégias de leitura. Do que se infere que essas dificuldades podem estar atreladas a vários fatores que interferem na prática educativa. As estratégias de leitura empregadas pelo Programa BALE são diversas e lúdicas, o trabalho com o texto literário é construído por meio do prazer pela literatura e vem contribuindo sistematicamente para a formação do leitor na escola. No Projeto “Mirins Leitores”, as atividades desenvolvidas são protagonizadas pelos alunos, sendo mediada pela bibliotecária. Tais ações vêm contribuindo para a autoformação dos educandos, enquanto leitores e mediadores de leitura. As estratégias das professoras visam a mediação dos temas/conteúdos didáticos no texto literário. Assim, o texto é pretexto, pautado numa orientação metodológica que não contempla os múltiplos sentidos da literatura, por isso, não contribui satisfatoriamente para a constituição leitora dos alunos. Os resultados assinalam para aproximações (no campo do discurso) e distanciamentos (no campo da prática) entre as estratégias de leitura empregadas na escola. Do que se conclui que as professoras não vêm conseguindo potencializar o trabalho com a literatura em sala de aula. Diante disso, aponta-se para uma lacuna do Programa, que incide na necessidade do Programa BALE contribuir com a prática pedagógica das docentes, no intuito que os alunos tenham acesso a fruição literária em todos os espaços educativos da escola.