Este estudo refere-se a uma pesquisa que busca analisar a construção discursiva da Mulher, no mercado de trabalho, a partir da revista Exame. Através deste tema, pretende-se retomar os sentidos que permeiam o modelo de mulher e a sua relação com o mercado de trabalho, a partir da representação da mesma, na Revista Exame, que é uma revista de cunho empresarial, direcionada a debater questões relativas à carreira, negócios e economia. A partir dessa análise, será possível inquirir como ocorre a construção discursiva da imagem da mulher nos espaços públicos e privados, sendo tal estudo, portanto, importante para a compreensão do que é ser “mulher” no âmbito mercadológico, e de como a sua imagem circula, socialmente. O escopo teórico está centrado na Análise de Discurso pecheutiana, tendo como base os estudos de Orlandi (2010) e Pêcheux (1997 2002). Desse modo, algumas categorias, tais como as marcas dos já ditos sobre as mulheres no ambiente profissional, que constituem o interdiscurso, bem como as formações discursivas e ideológicas, nas quais as mesmas são representadas na revista Exame, são de relevância teórica para esse projeto. Com base no corpus selecionado, através da Revista Exame, destacamos textos escritos e imagéticos que circulam no Brasil e que revelam uma dada imagem da “Mulher”, observando o modo como a mesma é caracterizada discursivamente num ambiente empresarial que, até pouco tempo atrás, era essencialmente masculino. Vale ressaltar ainda que, apesar de ser colocada no espaço empresarial, prevalece, em relação à mulher, uma construção discursiva masculinizada, como será possível observar na análise dos dados. Assim, é possível observar a tensão entre a liderança e o papel atribuído socialmente à mulher como dona de casa e mãe, e, ao mesmo tempo, a diferenciação entre homens e mulheres, colocando-os em lugares diferentes na sociedade. Dessa forma, observando que nenhum discurso surge aleatoriamente de modo completamente isolado, mas sempre a partir de um já dito, de uma rede de pré–construídos, procura-se, então, observar a forma como os já-ditos sobre a mulher (que podem ser identificados, discursivamente, desde a escritura da Bíblia) ecoam nos discursos veiculados por tais revistas, trazendo em si gestos do interdiscurso, do já dito sobre a mulher em sua relação com o trabalho. Os resultados apontam para a tensão do espaço de mãe, dona de casa e empresária, construída nessas revistas, além de uma masculinização da figura da mulher, quando ela ocupa cargos de chefia.