As diversas fases pelas quais perpassou a região Noroeste do Paraná e, por conseguinte o
município de Terra Rica, no que diz respeito a sua base econômica agrária, revelam também
as diversas formas de articulação do capital no campo nestes espaços. Desde a época de sua
colonização, onde a cultura do café era o carro chefe da economia, as relações capitalistas no
campo já eram reconhecidas, mas em diferentes patamares do que se tem mais adiante com a
substituição de culturas (pastagens) e atualmente com a cana-de-açúcar e demais lavouras
temporárias. A pesquisa buscou apreender as novas articulações engendradas pelo capital no
campo no município de Terra Rica, assim como as novas configurações decorrentes deste
processo sustentando como hipótese central a ideia de que a intensificação do capital no
campo nas últimas décadas tem gerado um processo de reconfiguração em seu espaço agrário,
refletindo consequentemente em todo o conjunto do espaço geográfico, especialmente após a
instalação de uma usina sucroalcooleira. O objetivo principal foi estabelecido no sentido de
investigar, tanto as articulações engendradas pelo capital no campo, como as novas
configurações no espaço local oriundas desta inserção e intensificação da atividade do capital
no campo, enfatizando as especificidades deste fenômeno e de sua natureza e ainda revelando
sua diversidade, movimento e evolução enquanto organização espacial. Tendo como respaldo
um aporte metodológico qualitativo, fez-se valer de técnicas de pesquisa como o trabalho de
campo e observação aliados a outras técnicas como entrevistas abertas e semiestruturadas e o
estudo de caso. A partir da análise dos dados, informações, leituras e observações na área de
estudo, compreendeu-se que, no contexto atual, as articulações do capital no campo
apresentam maior intensidade, velocidade e dinamismo, redefinindo papéis (rural e urbano) e
reconfigurando relações de diversas esferas (sociais, econômicas e de trabalho). Além disso,
os arrendamentos rurais, a concentração de terras e capitais, a exploração do trabalhador rural,
relações tipicamente capitalistas permeadas por relações consideradas não capitalistas,
revelaram uma realidade peculiar da área de estudo. O movimento complexo dessa realidade,
que gera as novas articulações, não se deve tão somente à influência de fatores locais, mas ao
movimento global que por sua vez apresenta uma lógica (contraditória) e segue uma ordem
dentro deste universo (combinada), ou seja, não age aleatoriamente. Nesse contexto,
compreendeu-se que o jogo instaurado pelo capital inclui em sua trama, tanto os agentes
hegemônicos como aqueles que se encontram a margem do sistema, para assim garantir a sua
reprodução.