A dengue é uma das enfermidades virais transmissíveis por artrópodes mais preocupantes no momento atual, haja vista o aumento expressivo dos casos, especialmente na faixa intertropical da Terra e áreas adjacentes às linhas dos trópicos de Câncer e de Capricórnio. A transmissão do vírus da dengue intensificou-se em função da interligação e circulação de pessoas na rede urbana, possibilitando a dispersão e, consequentemente, o aumento dos casos. A pesquisa tem por tema: A sazonalidade da ocorrência de dengue no município de Campo Mourão – PR. O recorte temporal do estudo compreende o período de 2005 a 2013, e está vinculado à Geografia da Saúde. Pela abrangência do tema estudado, a análise é multicausal e envolve questões socioambientais. A tese tem como propósito avaliar a distribuição e a temporalidade dos casos confirmados de dengue, autóctones e importados, e caracterizar as ocorrências segundo a sazonalidade climática. Considerando o período estudado, ocorreram surtos dessa doença desde o ano de 2006; e, em 2010 e 2013 manifestaram-se epidemias mais graves. Os anos estudados foram comparados com o período histórico de trinta anos, 1986/2005, para verificar se os mesmos se apresentaram dentro da normalidade climática. A metodologia pautou-se no levantamento das fichas epidemiológicas de dengue junto à Secretaria de Saúde do Município de Campo Mourão. A partir desses levantamentos, foram elaboradas tabelas, gráficos e mapas para a compreensão da dispersão e da distribuição geográfica dos casos confirmados. Quanto à abordagem climática, os dados para os gráficos e a análise rítmica foram adquiridos junto ao banco de dados da Estação Climatológica Principal de Campo Mourão/ECPCM e Instituto Nacional de Meteorologia/INMET. Na sequência, as informações referentes à epidemiologia foram correlacionadas aos dados meteorológicos. Houve acompanhamento do Programa de Controle de Endemias e da equipe epidemiológica da Secretaria de Saúde Municipal (LIRAa – Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti), para identificação de criadouros e avaliação de focos do mosquito. Procedeu-se à análise da distribuição dos casos de dengue nos ciclos epidêmicos estudados a partir do mapeamento por círculos proporcionais segundo as zonas censitárias (bairros) do município, avaliando-se conjuntamente o número de casos, a densidade demográfica de cada zona e o coeficiente de incidência da dengue. Também se procedeu à análise da ficha de investigação de dengue, quanto aos dados relativos à faixa etária, ao sexo, à ocupação, à escolaridade e ao encaminhamento dos casos clínicos da população acometida pela enfermidade. Dessa forma, evidenciaram-se algumas variáveis que influenciaram as epidemias de 2010 e 2013 no município de Campo Mourão, dentre as quais, confirmou-se, a sazonalidade da dengue com expressividade de casos nas estações de verão e outono, com pico outonal, nos meses de março/abril/maio, ou seja, com influência do período de precipitações mais intensas, umidade relativa do ar elevada e temperaturas mais altas, condições estas favoráveis à ecologia do vetor - Aedes aegypti. A estação de inverno mostrou-se importante na interrupção ou minimização do ciclo da enfermidade, por afetar o desenvolvimento do vetor, principalmente quanto à ocorrência de baixas temperaturas, quando descem abaixo do limiar de sobrevivência do vetor. O modo de vida da população também influencia no aumento dos casos, especialmente quanto à criação de pequenas coleções hídricas formadas pela água da chuva em materiais descartados irregularmente nas calhas, em vasos, dentre outros utensílios, confirmando que a maioria dos casos ocorre em domicílios ou peridomicílios; assim, a infraestrutura urbana, às vezes
precária, e o descarte inadequado dos resíduos sólidos no ambiente urbano facilita o desenvolvimento pleno do vetor e sua dispersão. Portanto, comprova-se que a enfermidade deve ser estudada sob um enfoque multicausal. Diante de tais comprovações, evidencia-se a necessidade de uma boa gestão do território, com planejamento de ações em todas as esferas, tanto administrativas do município e do estado do Paraná, como da sociedade, voltadas ao controle da dengue em Campo Mourão.