Sabe-se que a organização administrativa do Brasil se deu pela composição dos entes federados União, Estados, Municípios e o Distrito Federal. Esta forma de organização federalista apresenta possibilidades de integração entre essas escalas, por meio de consórcios, em que é possível implementar políticas públicas, de acordo com a Lei nº 11.107 (2005), que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios. Um dos meios de formação de consórcios se dá pelo grupamento de municípios, por meio de regionalizações construídas ou não a partir de territórios já existentes. O Estado do Ceará decidiu pela formação de consórcios regionais no intuito de resolver uma das políticas mais complexas do estado, a gestão e o gerenciamento de resíduos sólidos, para tanto, passou por um processo de regionalização. Uma dessas regiões foi o Vale do Jaguaribe, formada por 15 municípios, o que resultou na constituição de dois consórcios, o Consórcio Municipal para Aterro de Resíduos Sólidos (COMARES) Unidade Limoeiro do Norte e o COMARES Unidade Jaguaribara, pela associação de 11 e 04 municípios, respectivamente. Diante disso, este trabalho teve como objetivo geral compreender o processo de regionalização que resultou na formação de consórcios para gestão de resíduos sólidos no Ceará, tendo como recorte temporal o período 2005 a 2017. Trata-se de um estudo de caso exploratório e descritivo, realizado a partir da análise qualitativa, onde foram utilizados múltiplos métodos. Quanto aos procedimentos, foi bibliográfica e documental. Foi realizada ainda uma coleta de dados, caracterizada pela realização de entrevistas semiestruturadas com ex-prefeitos da época, em que se deu o processo de constituição dos COMARES e com membros de grupos de interesses na temática. Após a coleta, os dados foram tratados, categorizados, ofertando com esses procedimentos, os elementos a serem interpretados por meio de uma análise de conteúdo. Os resultados apontam que o Vale do Jaguaribe é uma região dinâmica, haja vista a sustentação de sua identidade em múltiplos espaços, como em redes, comitês e, em demais representatividades. Contudo, existe um processo em curso de desintegração dessa identidade, perceptível desde o processo de construção dos COMARES que ocorreu à revelia da sociedade. Até o presente, ele ainda não se efetivou, por questões internas, embora ainda esteja em processo a discussão da gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos. Apesar de todos estes problemas, a regionalização que resultou nos Consórcios ratifica a identidade territorial do Vale do Jaguaribe.