Este estudo está inserido no campo das teorizações culturais e feministas e tem como tarefa desconstruir e expor os processos de construção das identidades sexuais e de gênero, questionando a formação docente. Ao refletirmos sobre o lugar do jogo como experiência, inclusive dentro do espaço escolar e de formação de futuros/as docentes, nesta tese, articulamos a noção de experiência com o jogo às vivências performáticas no RPG (Role-playing games ou jogo de interpretação de papéis), constituindo-se, nesse contexto, um objeto multifacetado, na medida em que focaliza tanto as questões do jogo em si quanto as performances que se constroem na experiência com o jogo. Assim, temos como objetivo desta pesquisa analisar como futuros/as educadores/as mobilizam conceitos, discursos e práticas acerca das questões de gênero e sexualidade performatizados na experiência com o RPG. Com essas discussões, propomos pensar acerca das potencialidades da experiência na formação docente, visando à reflexão sobre os temas gênero, sexualidade e suas interseccionalidades. Nesse arcabouço de discussões, esta tese faz uma interface entre Educação e Estudos Culturais, dialogando com leituras foucaultianas de poder, saber e subjetivação, teorizações feministas e empreendendo aproximações com a Teoria Queer, na medida em que ela nos aproxima das questões inerentes às performances. Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo e baseou-se na metodologia da pesquisa-ação-participativa. Para tanto, realizamos intervenções com dois grupos. O primeiro contou com 11 participantes do grupo PET/PEDAGOGIA/UEM, da cidade de Maringá-PR. No segundo grupo de intervenção, participaram 19 acadêmicas do curso de Pedagogia do último ano de faculdade particular da cidade de Cornélio Procópio-PR. Nas intervenções da pesquisa, ancoramo-nos na utilização do jogo Trilhas da Diversidade: Microrrevoluções (RPG), que ao longo do processo se construía a partir da versão anterior do jogo Trilhas da Diversidade. Os resultados obtidos evidenciaram a necessidade de problematizar a formação específica para o trato com as questões de gênero e sexualidade, afirmando a sua importância no contexto escolar. Deparamo-nos com diferentes modos de construções identitárias e possibilidades de interpretação nas vivências do jogo. O Trilhas da Diversidade: microrrevoluções (RPG) possibilitou a inserção do debate visando refletir sobre o lugar do jogo como experiência formativa. No âmbito da problematização, construiu-se como um instrumento de valorização das performances e experiências das acadêmicas, mobilizando diferentes modos de ser e estar encenados e experienciados na prática. Mais do que um instrumento de pesquisa, potencializou um movimento de alteridade e reconhecimento da diversidade, entendendo o lugar do/a outro/a nos diferentes espaços. A ação pode ser otimizada e potencializada, a fim de superar fragilidades, a partir da reflexão e da implementação de propostas formativas, como a possibilidade de que a experiência seja estimada nesse processo.