O metotrexato (MTX) é um antagonista do ácido fólico utilizado como quimioterápico, porém possui eficácia clínica comprometida pela resistência adquirida pelas células cancerígenas, devido ao efluxo celular, além de apresentar alta toxicidade e baixa biodisponibilidade. O MTX pode atuar tanto como agente terapêutico como no direcionamento ativo para células cancerígenas devido a superexpressão de receptores de folato na superfície destas células. Este trabalho tem por finalidade desenvolver nanopartículas (NPs) mucoadesivas por complexão polieletrolítica de quitosana (QS) com ftalato de hidroxipropilmetilcelulose (HPMCP) para incorporação do (MTX), para potencial tratamento de glioblastomas. Além disso, devido à proteção que a NP confere ao fármaco, este sistema foi investigado como potencial inibidor do efluxo celular e aumento da internalização celular. As NPs foram obtidas por complexação polieletrolítica com diferentes proporções entre o fármaco e os polímeros QS e HPMCP. A NPPM29, contendo QS: HPMCP (3:1) e 5% (m/m) de MTX, apresentou um teor de encapsulação de 91,72%, diâmetro médio de 452,60 nm, índice de polidispersão (PDI) de 0,25 e potencial zeta de +22,50 mV. A difratometria de raio X, espectroscopia de absorção na região infravermelho e as análises térmicas, mostraram a interação entre a QS e o HPMCP nesta NP e sua morfologia pôde ser visualizada por microscopia de força atômica e microscopia eletrônica de varredura. Nos testes de interação com a mucina, os modelos matemáticos mostraram adsorção dos sistemas à mucina e no método por escoamento de líquidos houve retenção de 10,5% (v/v) do MTX em solução, já 84% da NPPM29 ficou retida a mucosa. A cinética de liberação in vitro foi realizado em pH 1,2 e pH 7,4, sendo a NP de QS e HPMCP a que promoveu um maior controle da liberação do fármaco no meio de pH 7,4. No teste de viabilidade celular utilizando células de glioblastoma (U251MG) o IC50 foi 80,54 mµ.mL-1 de MTX e de 68,79 mµ.mL-1 da NPPM29, já em testes utilizando fibroblastos (CCD 1059sk), não houve diminuição significativa da viabilidade confirmando a especificidade do MTX por células tumorais. Os ensaios realizados em citometria de fluxo e por microscopia confocal confirmaram a maior internalização celular e efeito sobre a Glicoproteína P (Gp-P) das NPs. Portanto, este estudo foi importante para mostrar o potencial das NPs no tratamento de glioblastomas.