Uma parcela considerável de materiais plásticos é aplicada na produção de embalagens, que
rapidamente se constituem em resíduos sólidos, como é o caso das embalagens de polietileno
tereftalato (PET). À vista disso, como a indústria da construção civil é um dos setores
produtivos responsável pelo grande consumo de recursos naturais, pesquisas visando à
incorporação de resíduos sólidos em materiais de construção estão sendo desenvolvidas,
promovendo a destinação adequada dos resíduos e a redução do uso de matérias-primas
naturais. Desta forma, este estudo tem como objetivo analisar o comportamento de
compósitos solo-cimento com a incorporação de resíduos de PET em forma de fibras
distribuídas aleatoriamente com função de reforço. Os materiais, resíduos de PET gerados em
uma fábrica de vassouras de Maringá-PR, o solo coletado em Mandaguaçu-PR e o cimento
Portland CP II-Z-32 foram caracterizados para análise das suas propriedades. Para as
condições experimentais analisadas neste estudo, os teores de cimento adotados foram 5%,
7% e 9%, de forma que, para cada teor de cimento utilizou-se crescentes combinações de
resíduos de PET nas quantidades de 0%, 0,5%, 1% e 1,5%, em relação à massa de solo seco.
Os compósitos foram submetidos aos ensaios de compactação, resistência à compressão
simples (RCS), resistência à tração por compressão diametral (RTCD) e módulo estático de
elasticidade (ME). Os resultados dos ensaios de resistência tiveram tratamento estatístico, de
forma a avaliar o nível de significância dos teores de cimento e de resíduos de PET, bem
como a interação entre estas variáveis. Os resultados obtidos na caracterização dos materiais
mostraram que o resíduo de PET classifica-se como um resíduo não perigoso e inerte (classe
II B), conforme a NBR 10004:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, e o solo
como areia argilosa, de acordo com o Sistema Unificado de Classificação de Solos. A RCS, a
RTCD e o ME apresentaram um crescimento linear, à medida que ocorria o aumento do teor
de cimento. No entanto, ao se incorporar os resíduos de PET, o comportamento não foi
semelhante, havendo ganhos de resistência em algumas condições específicas. Os resultados
médios de RCS, RTCD e ME, atingiram valores máximos de 4,97 MPa, 0,45 MPa e 427,17
MPa, respectivamente. A análise estatística mostrou que apenas os teores de cimento foram
significativos, sendo assim, os teores de fibras de PET e as interações entre estes fatores, não
influenciaram no aumento da resistência dos compósitos. De maneira geral, os resultados
obtidos mostraram que a aplicação de resíduos de PET como material de reforço em solocimento
torna-se uma alternativa viável, porém, o uso de fibras de PET com o mesmo
comprimento, bem como comprimentos acima ou igual ao comprimento crítico, possam
apresentar melhores resultados de resistência mecânica. Portanto, o aproveitamento de
resíduos de PET se mostrou adequado, pois promove a destinação final ambientalmente
adequada por meio da reutilização, além de potencializar a produção de novos materiais,
contribuindo com o desenvolvimento sustentável na construção civil.