O trabalho consistiu na identificação de relictos da vegetação de Savana e Savana-estépica nas mesorregiões geográficas do Norte Central Paranaense e Norte Pioneiro Paranaense, nas bacias dos rios Tibagi, Laranjinhas e das Cinzas. O objetivo foi verificar se havia a presença de Savana e Savana-estépica e se estas encontradas nas áreas apresentavam-se fragmentadas, ou se formavam uma mancha contínua. Em algumas localidades, subsistem de forma esparsa, representadas por pequenos agrupamentos ou por plantas isoladas de espécies e gêneros próprios do Cerrado (Savana) brasileiro e da Savana-estépica, e sempre associados a afloramentos rochosos. Os pontos de coleta derivaram de um trabalho de esquadrinhamento, através de reconhecimentos de áreas no contexto da paisagem nas mesorregiões citadas, anotando-se os pontos nos quais ocorriam espécies ou gêneros típicos das formações de Savana e Savana-estépica. Foram coletadas 34 espécies e/ou gêneros de Savana e Savana-estépica e destas, 11 foram encontradas no morro Três Irmãos em Terra Rica/PR, (mesorregião Noroeste); 9 puderam ser identificadas tanto em Campo Mourão (porção Centro Ocidental) como no Interflúvio Pirapó/Bandeirantes, 4 delas constam no levantamento realizado por Maack (1959/1968) e 16 não têm relação com nenhuma das áreas comparadas, porém todas elas estão relacionadas à vegetação de Savana e Savana-estépica do Brasil Central e Chaco. A altitude não foi um fator determinante na manutenção da Savana-estépica, pois estas foram localizadas desde a altitude de 246 até 724 metros. Já em relação às espécies de Savana, estas foram encontradas em altitudes que iam de 500 a 993 metros. As coletas foram feitas em 27 municípios, com a distribuição de 254 pontos onde se encontrou famílias, gêneros e/ou espécies de Savana e Savana-estépica. 244 destes, ou seja, 96,06% estão sobre o Grupo São Bento – Formação Serra Geral (basalto), os demais pontos, ou 3,94%, estão distribuídos sobre as Formações Santo Anastácio - Grupo Bauru (arenito) e Formação Palermo, nas quais a vegetação de Savana e Savana-estépica subsiste. O tipo de solo predominante nestas formações são principalmente os LVdf4 (Latossolo Vermelho Distroférrico), LVd9 (Latossolo Vermelho Distrófico), RLe5 (Neossolos Litólicos Eutróficos), RLe10 (Neossolos Litólicos Eutróficos) e, secundariamente, outros. O clima semiárido, em detrimento do atual semiúmido, que recobria grande parte do Brasil fez com que as espécies de Savana e Savana-estépica se fragmentassem através do processo de vicariância, já que estas ficaram restritas a inúmeras manchas com presença de Savana-estépica persistindo sobre os afloramentos rochosos, e de Savana em solos extremamente ácidos do segundo Planalto, o que não impede que estas formações se estendam por corredores de aridez que seguiam pelos planaltos e topos durante as glaciações do Quaternário, na América do Sul, associados aos climas semiáridos e semiúmidos. Pode se considerar então que a expansão dessas espécies ou mesmo a retração ocorreram por influências climáticas, porém a sua persistência e distribuição se dá por influências pedológicas, que neste caso são os solos (Distróficos, Distroférricos) e os afloramentos rochosos.