O estudo foi realizado no município de Maringá, Paraná. O objetivo da pesquisa é avaliar a distribuição espacial atual do molusco Achatina fulica, espécie exótica, nas zonas urbana e rural do município. No meio urbano, existem inúmeros registros de sua ocorrência na forma de reclamações feitas ao setor de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde no período de 2005 a 2015; na zona rural, a quase ausência de reclamações exigiu que a distribuição fosse avaliada a partir de um levantamento amostral por questionário aplicado aos moradores. Para caracterizar e explicar a ocorrência positiva da espécie foram avaliados os seguintes elementos: localização em coordenada, temperatura, umidade, insolação, altitude e avaliação da arborização/cobertura vegetal. O delineamento dos procedimentos metodológicos iniciou-se pela coleta dos registros de reclamações feitas pela população à Secretaria de Saúde entre os anos de 2005 e 2015; foram espacialmente definidos os pontos para aplicação das entrevistas, mediante uma varredura uniforme da área, que abrangeu tanto a zona urbana como a zona rural; na sequência, aplicaram-se os questionários, avaliando-se as condições microclimáticas e outros aspectos ambientais e vegetacionais nos locais em que se registrou a ocorrência do molusco. O terceiro consistiu na coleta dos dados registrados de reclamações, definimos os pontos das entrevistas, aplicação dos questionários, avaliação das condições microclimáticas e ambientais. O passo seguinte foi a realização de regressão logística, considerando-se os elementos coletados a campo, para identificação dos elementos ambientais com razão de chance de favorecer a existência do caracol gigante africano. Elaboraram-se mapas de distribuição do caracol, segundo a ocorrência investigada. Como resultados, identificou-se que, na área urbana, o caracol gigante africano está presente nos bairros e zonas mais antigos: o Jardim Alvorada, a Vila Morangueira, as Zonas 07, Zona 03 e Zona 05, o Parque das Laranjeiras, a Zona 06 e, o Parque das Grevíleas. Estes ambientes urbanos possuem árvores como a Sibipiruna (Caesalpinia pluviosa) e Tipuana (Tipuana tipu) com exemplares arbóreos bem desenvolvidos, que promovem corredores de sombreamentos e que favorecem a existência do molusco; também contribuem, os terrenos urbanos vazios desprovidos de construções e áreas calçadas, favorecendo o enterramento e a reprodução da espécie. Constatou-se que a espécie não tem preferência pelos fundos de vale, em que o solo é mais encharcado e a vegetação mais comum é a leucena (Leucaena leucocephala) e a mamona (Ricinus communis). Identificamos que a preferência da espécie na zona urbana é por ambientes com aglomeração urbana com solo exposto e cobertura vegetal composta por árvores de grande porte. Na zona rural, ao contrário, a maior parte das ocorrências do caracol apresenta-se concentrada nas proximidades dos cursos d´água, onde é comum encontrar casas remanescentes da ocupação mais antiga, na região. Foi possível evidenciar que a espécie em estudo não se encontra presente em meio às culturas temporárias, que possuem intensa mecanização, com aração e compactação do solo e aplicação de biocida. Assim, a espécie mostrou ter preferência por locais próximos das moradias e barracões, instalados na zona rural, pois estes ambientes possuem locais úmidos, com sombreamento e geram resíduos sólidos orgânicos que atendem às necessidades alimentares do caracol gigante africano. As entrevistas indicaram que tanto na zona urbana como na zona rural do município de Maringá a maior parte dos entrevistados aplica os procedimentos de contato manual de forma adequada, cujo propósito é evitar a contaminação pelo helminto Angiostrongylus sp. Entretanto, o risco não está isento, pois há pessoas que têm contato com a espécie sem proteção nas mãos e, em mais de 50% das residências há roedores (ratos), tanto no ambiente urbano como rural e que são hospedeiros definitivos do verme. O controle da reprodução da espécie exótica deve levar em consideração campanhas sazonais no verão, incentivando a catação manual diária, principalmente nos anos em que ocorre o fenômeno El Niño ou que, por diversas razões do ritmo climático, apresentam precipitação e umidade aumentadas e, paralelamente, aumentam as reclamações na Secretaria de Saúde de Maringá.