Essa pesquisa tem como principal objetivo discutir, no contexto das didáticas específicas, a utilização de jogos como recurso didático por professores de Geografia no processo de ensino-aprendizagem. Busca-se, caracterizar os tipos de jogos utilizados pelos docentes na sala de aula, bem como, refletir sobre os saberes envolvidos no processo de adaptação, elaboração e utilização do jogo como material lúdico por docentes de Geografia. Pretende, também, identificar, considerando a perspectiva dos professores participantes da pesquisa, a potencialidade dos jogos para o desenvolvimento de habilidades e raciocínios geográficos nos alunos. Para atingir os objetivos a pesquisa de campo se desenvolveu junto aos professores de Geografia do Núcleo Regional de Educação de Maringá – NRE/SEED Maringá, Paraná. A metodologia adotada para a realização do trabalho privilegiou os aspectos qualitativos, sem, desconsiderar os dados quantitativos. A coleta de dados foi realizada em dois momentos: o primeiro consistiu na aplicação de questionários, com participação de cinquenta e cinco professores e, o segundo momento se desenvolveu com a realização de entrevistas semiestruturadas, que teve a participação de quatro professoras. Essas informações obtidas foram tabuladas e analisadas a partir da metodologia da análise de conteúdo e da bibliografia estudada. O referencial teórico desse trabalho está pautado na compreensão dos saberes docentes, discutidos por Tardif (2002), Gauthier et al. (1998) e Shulman (2014), perpassando a discussão sobre as didáticas disciplinares e mais especificamente a didática da Geografia, baseando-se em pesquisadores como Libâneo (2016), Lopes (2016), Cavalcanti (2002) e Sacramento (2010), e por fim busca compreender a relação dos jogos com o ensino e mais profundamente discutir os jogos no ensino de Geografia, pautando-se em autores como Kishimoto (1994), Vial (2015), Grando (1995), Castellar e Vilhena (2011) e Oliveira e Lopes (2016). Dessa maneira, com base na bibliografia consultada e nos dados coletados na pesquisa de campo, é possível inferir que o emprego dos jogos no processo de ensino-aprendizagem de Geografia é recorrente e que, de modo geral, apresenta resultados satisfatórios. A pesquisa evidenciou que os jogos mais empregados pelos professores que participaram da pesquisa, de acordo com a forma e o conteúdo, são os jogos de pergunta e resposta e de montagem, com a finalidade de fixação de conteúdo, pois, permitem, com mais facilidade, a adaptação de conceitos ao formato do material. Para os participantes os materiais empregados são capazes de desenvolver habilidades e o raciocínio geográfico nos alunos como, por exemplo, aquelas relacionadas às noções cartográficas – como orientação e localização - bem como no exercício com os conceitos fundamentais da disciplina - tais como o espaço e paisagem, por exemplo. Para além das preocupações propriamente geográficas, foi evidenciado a importância do jogo no desenvolvimento de habilidades cognitivas gerais e seu poder socializador e regulador do comportamento dos grupos de alunos. Verificou-se, do mesmo modo, que os saberes docentes envolvidos no processo de utilização dos jogos, de acordo com a categorização proposta pelos autores que dão sustentação a este trabalho, sem desconsiderar os demais saberes, são: o saber da experiência, o conhecimento dos alunos e de suas características e o conhecimento pedagógico do conteúdo (CPC). Este último, de maneira especial, revela a capacidade do professor em conectar adequadamente a forma do jogo ao seu conteúdo, articulando o conhecimento geográfico ao conhecimento pedagógico, para possibilitar aos alunos, por meio dos jogos, raciocinar geograficamente.