A educação especial atravessa uma história marcada, principalmente pela segregação das pessoas que constituem o seu público alvo. Contudo, nos anos finais do século XX ela passa a ser redimensionada em consonância com as políticas educacionais inclusivas, que orientam a educação de todas as pessoas nas escolas regulares. Dessa forma, passa a ter um caráter complementar ou suplementar, não podendo mais substituir a escolarização regular de nenhum aluno. Nesse contexto, foram criadas as Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) dentro das escolas regulares, nas quais deve ser oferecido o Atendimento Educacional Especializado (AEE). A presente pesquisa surgiu de questionamentos relacionados à oferta do AEE, que culminaram nos objetivos que a nortearam. O objetivo geral foi analisar como são desenvolvidas as atividades de ensino no AEE em uma escola pública de Pau dos Ferros/RN e como estas se relacionam com o processo de inclusão escolar dos alunos público alvo da educação especial. Os objetivos específicos foram: identificar as estratégias e recursos didáticos utilizados no processo de ensino nas salas de recursos multifuncionais; compreender como se dá a relação pedagógica entre os professores que atuam no AEE e aqueles que atuam nas salas regulares, visando a efetivação da inclusão escolar e as orientações das políticas educacionais inclusivas; avaliar as principais dificuldades apontadas pelos professores no trabalho pedagógico que desenvolvem no AEE e analisar as contribuições do AEE para a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos público alvo da educação especial e para a efetivação da inclusão escolar. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola da rede municipal de Pau dos Ferros/RN, envolvendo três professoras: uma que atua no SRM e duas que atuam em turmas de 5º ano do ensino fundamental nas quais estudam alunos que recebem o AEE. Foi utilizada a abordagem qualitativa do tipo etnográfico e fundamentamos o nosso estudo, principalmente em Mantoan (2003) Sassaki (2010), Stainback & Stainback (1999), Mittler (2003), Mazzotta (2001), Carvalho (2008, 2016), Ribeiro e Baumel (2003), Ropoli (2010), dentre outros. As análises nos levaram a constatar que, na escola investigada, o AEE é ofertado a alunos com dificuldades de aprendizagem ou transtornos, cujas características diferem daquelas definidas pelos documentos nacionais, que são as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Identificamos que a professora que atua no AEE busca realizar um trabalho que atenda às necessidades dos educandos, sendo necessário ampliar a sua atuação junto aos demais educadores, famílias e comunidade. As principais dificuldades apontadas foram: a falta de articulação entre os professores, de formação e informação, de material didático e de um currículo adaptado, bem como as condições inadequadas de trabalho. Foi evidenciado que o AEE traz contribuições para o desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, mas ainda se faz necessário uma ampliação desse serviço, bem como um trabalho coletivo de todos os educadores para que ele traga contribuições mais expressivas para a efetivação da educação inclusiva na instituição.