O presente trabalho tem por objetivo investigar como se constitui a formação do leitor literário no ensino médio com foco na formação do gosto por leituras de best-sellers e suas possibilidades formativas. Metodologicamente, direcionamos nosso estudo subsidiados pela abordagem qualitativa, uma vez que os métodos e técnicas correspondem à pesquisa autobiográfica, sendo que os procedimentos de análise dos dados atendem ao caráter descritivo/analítico/interpretativo. A pesquisa se caracteriza enquanto pesquisa de campo, tendo como sujeitos colaboradores alunos do ensino médio. A constituição do corpus está vinculada à execução do plano de intervenção, círculo de leitura literária na biblioteca: entre formação do gosto por leituras de best-seller e formação leitora, na qual a coleta dos dados se deu de forma articulada através de notas de campo e produção de relatos autobiográficos. Dessa forma, o corpus dessa pesquisa está constituído por registros das notas de campo e por 8 relatos autobiográficos. Recorremos às contribuições de alguns estudiosos que norteiam as discussões teóricas dessa pesquisa, quais sejam: Cosson (2017), Todorov (2009), Calvino (1993), Zilberman (2009), Jouve, (2002), que discutem sobre escolarização da literatura, práticas de leitura e formação do leitor literário; Abreu (2006), Sodré (1985), Reimão (1996), Bourdieu (2005), Magnani (2001), que tecem considerações acerca da produção literária que circula na humanidade e de questões voltadas para os valores a elas atribuídos. Entre esses e outros referenciais teóricos, trazemos também, os documentos oficiais, PCNEM (2000) e OCEM (2006), com suas concepções e perspectivas para o ensino de literatura. De acordo com a análise dos dados, evidenciamos que: a) os jovens costumam ler clássicos, no entanto, há uma preferência acentuada por best-sellers;b) o acervo da biblioteca conta com um número expressivo de obras da literatura de massa, sendo assim um diferencial nessa escola; c) as consultas realizadas na biblioteca destinam-se a leituras fora do contexto escolar; d) os alunos declaram que não há espaço na sala de aula para discutir e compartilhar as leituras que costumam realizar fora da escola; e) as primeiras experiências de leitura dos alunos aconteceram com clássicos da literatura infanto-juvenil e com história em quadrinhos; f) A intervenção pedagógica possibilitou que os alunos participassem, pela primeira vez, de um círculo de leitura; g) apresentaram resistência ante à prática da leitura oral. Concluímos, portanto, que, se os alunos gostam de ler e leem best-seller com frequência fora da escola, certamente o trabalho com a leitura integral de obras literárias não está sendo incentivado dentro do espaço escolar de forma mais efetiva. Esse estudo nos possibilitou respostas para algumas indagações, todavia, salientamos, que, ainda, persiste uma necessidade proeminente de discutirmos e repensarmos as práticas de leitura literária vinculadas ao contexto de ensino.