Considerando as especificidades das mulheres rurais, no quadro mais amplo das desigualdades de gênero, este trabalho, organizado em quatro seções, discute como elas constroem seu protagonismo e como ele afeta as condições de vida delas e das comunidades onde vivem. As inquietações e insatisfações das assentadas, do interior de São Paulo, as motivou a organizarem-se em busca de lutas específicas, desejando a superação de problemas que persistem em suas realidades. Por meio de encontros e discussões, que aconteciam desde a década de 1980, originou-se, no ano de 2002, a Organização de Mulheres Assentadas e Quilombolas do Estado de São Paulo (OMAQUESP), estruturada legalmente como uma sociedade civil, sem fins lucrativos, com estatuto próprio e com várias frentes de atuação. Para a compreensão desta realidade, foram utilizados como recortes espaciais, os assentamentos rurais dos municípios de Araras e Jaboticabal, ambos localizados no Estado de São Paulo, e os resultados apresentados, obtidos por meio de levantamento bibliográfico, da realização de trabalhos de campo, de histórias orais e da seleção de imagens nas redes sociais das mulheres entrevistadas. Constatou-se que a participação das assentadas paulistas na OMAQUESP fez com que elas refletissem e reconhecessem suas especificidades e (re)criassem estratégias que pudessem, a partir dos seus empreendimentos coletivos, produzir novos enfrentamentos visando a superação da invisibilidade feminina no espaço rural, uma vez que, tais ações contribuem com o crescimento econômico, o desenvolvimento social, ambiental, cultural e político dos assentamentos